A câmara municipal de Santiago vê “intencionalidade política” na rejeição da Xunta à zona tensionada.

O vereador de Urbanismo, Iago Lestegás, assegura que a Prefeitura esclareceu "ponto por ponto" em um documento de 13 páginas a exigência de emenda enviada pelo Instituto Galego de Habitação e Solo.

A Câmara Municipal de Santiago vê uma “evidente intencionalidade política” na resolução da Xunta ao recusar o pedido de declaração da área de mercado residencial tensionada e não descarta recorrer por via administrativa ou judicial (ou de forma paralela).

Assim o assinalou nesta quarta-feira o vereador de Urbanismo, Iago Lestegás, quem sublinhou que Raxoi esclareceu “ponto por ponto” em um documento de 13 páginas o pedido de emenda enviado pelo Instituto Galego de Vivienda e Solo (IGVS), no qual o departamento autonómico apontava que os relatos da Câmara Municipal “não se ajustam” à lei estatal e o instavam a “emendar deficiências”.

Por isso, Lestegás defendeu que não enviaríam uma resposta assim ao que pedia o IGVS se o Governo local “quisesse desistir”, criticando que a Xunta “dá mais explicações na nota de imprensa que na resolução de desistência do pedido”. Uma resolução que, além disso, reprovou o vereador, “foi recebida pelos meios de comunicação antes da Câmara Municipal”.

Nesse sentido, o vereador compostelano argumentou que se a decisão “fosse técnica ou jurídica” a Xunta exporia “mais motivação na resolução que na nota de imprensa”, mas na sua opinião, “é ao contrário”, o que “evidencia uma intencionalidade política”.

“À Xunta não interessa que se contenha o preço do aluguer. Como não podem negar nosso pedido porque cumpre os requisitos legais, optam por deixá-lo no limbo”, censurou Lestegás, que também questionou se “alguém na Xunta leu as 13 páginas de resposta” porque “não a valorizam e ignoram todas as explicações fornecidas”.

Pedidos do IGVS

Entre os pedidos da Xunta no requerimento, exigia-se que completasse o plano de medidas corretoras para reverter a situação de mercado tensionado porque as já incluídas “carecem de incidência real, de uma mínima concretização ou já estavam em execução”. A esse respeito, Lestegás defendeu que se incluem medidas que estão em execução, mas “esse facto não significa que vão contribuir para aliviar o mercado residencial”.

Também assinalou que comprovou que o plano de medidas corretoras de A Coruña, que a Xunta sim aceitou, “inclui medidas corretoras já executadas” e ali, adicionou, “não foi um problema”, por conseguinte não vê “lógico que seja um problema no caso de Santiago”.

Quanto à reclamação do Instituto Galego de Vivienda e Solo por um novo documento de diagnóstico “com base em dados oficiais e não de um portal imobiliário”, Lestegás voltou a reiterar que entre os dados fornecidos estão números do IGVS, que sustentam que “entre 2019 e 2024 o preço cresceu mais de 40%, enquanto o aumento do IPC foi de 20%”. “Só esse dado é suficiente para declarar nosso município área de mercado residencial tensionado”, afirmou.

Por outro lado, a Xunta pedia que explicasse a proposta de reduzir de dez para cinco o número de vivendas que uma pessoa devia ter para ser considerada “grande possuidor”, enquanto o vereador de Urbanismo destacou que em outras cidades onde foi concedida a declaração –como numa vintena de Navarra– “a definição de grande possuidor inclui os proprietários de cinco ou mais imóveis”, tal como solicitou Santiago.

Por tudo isso, Iago Lestegás voltou a insistir que Santiago “não desiste nem vai desistir” e avançou que “fará tudo o necessário para desbloquear uma situação” que, apontou, “não provocou a câmara municipal, provocou a Xunta ao recusar-se a aceitar a evidência de que nosso município cumpre os requisitos legais”.

Reuniões dos técnicos

Além disso, perguntado pelo oferecimento da Xunta de celebrar uma reunião entre técnicos de ambas as administrações antes do requerimento, Lestegás criticou que “o PP pretende colocar um disfarce técnico numa decisão que não foi técnica, foi política”.

Nessa linha, manifestou que a resolução de um procedimento dessas características “não pode depender de que se celebre ou não nenhuma reunião”.

Em qualquer caso, afirmou que ele mesmo ou os técnicos municipais comparecerão a todas as reuniões “que seja necessário manter”. “Recebemos um requerimento formal que tínhamos que responder por escrito, não descartamos a celebração de nenhuma reunião”, concluiu antes de insistir que o procedimento “não pode depender de que haja ou não reuniões”.

Possíveis recursos

A partir de agora, Iago Lestegás garantiu que não descarta “nenhuma atuação”, tampouco recorrer tanto por via administrativa como judicial. Assim, destacou que para o Governo local é “muito importante” esta declaração para “conter o preço do aluguer” em Santiago.

Nesse sentido, reconheceu que o recurso contencioso-administrativo “pode demorar ano ou ano e meio”, indicando que não descarta “nenhum cenário”, inclusive optar “em paralelo” pelas duas vias.

“Qualquer pessoa que vá pagar um aluguer em Santiago quer que esta lei se aplique e por nós não vai faltar. Vamos fazer tudo o que seja necessário para que isso vá para frente”, afirmou.

Questionado sobre por que acredita que à cidade de A Coruña, governada pelo PSOE, a Xunta sim aceitou essa declaração e a Santiago não, Lestegás opinou que “a situação política” de ambas as cidades não é igual.

Além disso, indicou que viu a declaração apresentada pela cidade herculina e “cumpre os requisitos legais”, por isso “não se entenderia” que não a concedessem. Por isso, disse que “não se entende” que “num caso sim e noutro não”, enquanto “justificam com questões formais que nem sequer motivam”.

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