Catalá: “Com Lisboa tecemos um eixo que gerará emprego e desenvolvimento para as duas cidades”

Valência e Lisboa decidiram unir forças para construir um eixo de cooperação que ligue o Mediterrâneo ao Atlântico. A prefeita de Valência, María José Catalá, e o prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, tiveram um encontro na capital portuguesa onde acordaram um Memorando de colaboração para estreitar laços económicos, tecnológicos e culturais entre as duas cidades.

O objetivo deste acordo é claro: transformar Valência e Lisboa em polos complementares de inovação, turismo sustentável e infraestruturas logísticas, fortalecendo a competitividade do sul da Europa frente a outros hubs internacionais.

Inovação como motor da cooperação

Durante o encontro, ambos os prefeitos concordaram que a inovação deve ser o eixo central das políticas públicas e empresariais das duas cidades. Moedas destacou que “a inovação é uma das melhores formas de gerar emprego e fortalecer as economias dos nossos países”, enquanto Catalá destacou que Valência consolidou-se como um dos ecossistemas tecnológicos mais dinâmicos da Europa, com presença no Top 100 mundial de cidades inovadoras.

A colaboração entre “Valência Innovation Capital” e “Unicorn Factory Lisboa” emerge como o primeiro passo concreto desta aliança, com o objetivo de fomentar o contato entre incubadoras, aceleradoras e centros de empreendedorismo das duas cidades. Esta troca procurará impulsionar projetos conjuntos nas áreas de inteligência artificial, saúde digital, mobilidade sustentável e transformação administrativa.

Catalá lembrou que Valência dispõe de ferramentas pioneiras, como a ordenança Sandbox Valência, que permite testar inovações em ambientes urbanos reais, e com o hub tecnológico de La Marina, que oferece incentivos fiscais para atrair empresas emergentes.

A autoestrada ferroviária, chave do eixo Mediterrâneo-Atlântico

Um dos pontos mais relevantes do acordo é a aposta conjunta em estender a autoestrada ferroviária que liga o Porto de Valência com Madrid até Lisboa. Segundo ambos os governantes, esta conexão representaria um impulso decisivo para o comércio, a logística e a criação de emprego em ambos os territórios.

Catalá destacou que “Valência é um porto estratégico do Mediterrâneo e sua conexão com Lisboa através de uma infraestrutura ferroviária moderna pode marcar um salto qualitativo nas relações comerciais e económicas”. A prefeita sublinhou ainda que essa expansão reforçaria a posição estratégica das duas cidades no contexto europeu, consolidando um corredor logístico que uniria os grandes portos do sul do continente.

Por sua vez, Moedas afirmou que este eixo não é apenas uma oportunidade económica, mas também um símbolo de coesão entre duas culturas historicamente conectadas. “Valência e Lisboa querem ter um futuro comum, forte e conectado com a inovação e a cultura”, declarou.

Economia, turismo e cultura: novas pontes de colaboração

Além dos aspectos tecnológicos e logísticos, o Memorando inclui linhas de trabalho em turismo urbano sustentável, segurança e resiliência ante emergências climáticas, e promoção cultural conjunta. Ambas as administrações apostam por um modelo de turismo responsável e de qualidade, que combine o atrativo internacional com a melhoria do bem-estar dos moradores.

A cooperação cultural será reforçada pelos laços históricos que unem as duas cidades através da figura de São Vicente Mártir, padroeiro compartilhado de Valência e Lisboa. Este vínculo simbólico servirá de base para impulsionar projetos artísticos, educativos e patrimoniais em comum.

Durante sua viagem oficial, María José Catalá participou também em um encontro empresarial organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, onde defendeu o potencial de Valência como destino de investimento e inovação.

Em sua intervenção perante empresários e representantes de startups presentes na Web Summit Lisboa 2025, a prefeita sublinhou que 53 empresas internacionais escolheram instalar-se em Valência nos últimos dois anos, gerando mais de 2.600 empregos qualificados e um investimento conjunto de 310 milhões de euros.

“Somos uma cidade forte, que acredita na colaboração público-privada e que oferece segurança jurídica. É um grande momento para investir, criar emprego e apostar por Valência”, afirmou Catalá perante os presentes.

Um futuro comum com vocação europeia

Com esta aliança, Valência e Lisboa reafirmam sua vocação europeia e seu papel de cidades inovadoras, abertas e sustentáveis. Ambas as capitais aspiram a liderar uma rede de colaboração mediterrâneo-atlântica que promova a transição verde, a transformação digital e a coesão territorial.

Catalá concluiu que “esta aliança com Lisboa reforça a posição de influência e liderança que Valência está adquirindo no contexto europeu e mediterrâneo”, enquanto Moedas insistiu que a cooperação entre as duas cidades “é uma oportunidade para tecer um futuro compartilhado baseado na inovação, na cultura e no talento”.

Assim, o Mediterrâneo e o Atlântico estendem uma ponte entre Valência e Lisboa, duas cidades que compartilham história, ambição e uma visão comum: construir desde o sul da Europa um modelo de desenvolvimento inteligente e sustentável para as próximas décadas.