Ana Botín pisa os calcanhares a Amancio Ortega: o Santander fica a 8.000 milhões de Inditex em valor na bolsa

Novo bocado do Banco Santander à Inditex na sua disputa para liderar o Ibex 35. As ações da entidade presidida por Ana Botín subiram mais 0,57% na jornada bolsista desta quarta-feira e já acumulam uma revalorização de 99,08% desde o início de 2025.

Apenas outra empresa, Indra (com um aumento de 133,48%), consegue registrar uma subida maior em todo o Ibex 35. O Banco Santander consagra-se, assim, como o segundo valor mais altista do selectivo espanhol de referência, enquanto que Inditex segue uma dinâmica oposta e ocupa a cauda do índice.

Em concreto, Inditex perdeu 9,1% do seu valor em bolsa este ano, uma percentagem apenas superada pelos 18,17% registrados por Puig Brands. As ações da multinacional com sede em Arteixo encerraram a jornada bolsista cotadas a 44,34 euros, situando assim a capitalização da companhia em 138.192 milhões de euros.

Isso representa apenas 8.124 milhões de euros a mais que um Banco Santander, que tem aproveitado seu rali em bolsa para disparar seu valor até os 130.068 milhões.

Santander está perto de recuperar o trono do Ibex 35 sete anos depois

A entidade presidida por Ana Botín não estava tão perto de recuperar o trono do Ibex 35 desde 22 de maio de 2018. Naquela época, seus 77.800 milhões de capitalização eram 7.284 milhões inferiores aos 85.084 milhões apresentados pela matriz de Zara, Massimo Dutti e Pull&Bear.

Naquela altura, Santander completava um mês desde que Inditex lhe tirasse o trono do Ibex 35 que, até então, não tinha conseguido recuperar. A entidade liderada por Ana Botín refletiu no mercado a boa evolução do seu saldo de resultados. Seu lucro líquido disparou 12,8% interanual e alcançou os 6.833 milhões de euros entre os meses de janeiro e junho.

“O Santander é um dos bancos com maior diversificação de lucros entre regiões e negócios”, destacavam os analistas da Citi num recente relatório. Nele, elevam o preço alvo de suas ações até os 9,65 euros, atribuindo assim um potencial de revalorização de 10,4% para o banco.

A casa de investimentos premia o Banco Santander pelos seus esforços em matéria de melhoria da eficiência e pelas sinergias derivadas da integração do negócio da TSB, a filial britânica do Banco Sabadell, que comprou no último verão por 2.650 milhões de libras (aproximadamente 3.100 milhões de euros).

Banco Santander conseguiu superar o rebote de outras empresas do setor como Unicaja Banco (+93,3%), Banco Sabadell (+87,4%), BBVA (+80,2%), CaixaBank (74,6%) ou Bankinter (+73,8%), que também se beneficiaram do crescimento da atividade creditícia.

Inditex modera seu crescimento

Graças a esses rebotes, Banco Santander conseguiu reduzir uma diferença com Inditex que era 13 vezes maior em dezembro passado. Naquele momento, a companhia fundada por Amancio Ortega capitalizava quase 175.000 milhões de euros, enquanto que a entidade financeira estava em torno dos 65.000 milhões.

Agora essa diferenza é reduzida para os 8.124 milhões de euros atuais diante da moderação no ritmo de crescimento por parte de Inditex. A empresa que preside Marta Ortega encerrou o primeiro semestre do ano com um avanço de 1,6% em matéria de receitas (ascenderam a 18.357 milhões de euros) e de 0,8% em lucro líquido, que ficou em 2.791 milhões.

“Inditex já não pode crescer em vendas ao ritmo ao que estávamos acostumados“, apontava recentemente Xavier Brun (analista da Trea Asset Management), que, no entanto, qualificava de “excessiva” a reação do mercado. “A apresentação não conseguiu dissipar dúvidas sobre um menor crescimento”, precisavam desde Barclays, em linha com Bankinter, que advertia de umas “vendas fracas” para uma Inditex que reinou por capitalização no Ibex 35 durante praticamente os últimos sete anos. A última empresa a lhe tirar o trono foi Iberdrola, que o conseguiu de forma pontual entre março e junho e entre agosto e setembro de 2022.