A debandada da Ryanair ressuscita o debate sobre a coordenação dos aeroportos galegos

A Xunta mostra-se disposta a apresentar à Aena uma estratégia de coordenação dos aeroportos de A Corunha e Santiago, perante o pedido dos municípios

A ira da Ryanair com as taxas da Aena deu um duro golpe aos aeroportos galegos, especialmente ao de Santiago, onde a companhia irlandesa retirou sua base, e ao de Vigo, onde cessou suas operações, embora seu volume de atividade fosse mais reduzido. O novo cenário trouxe de volta o antigo projeto de coordenar os aeroportos galegos para tentar alcançar uma oferta coerente de rotas e serviços que favoreça sua competitividade.

A Xunta transmite uma mensagem clara. A diretora geral de Mobilidade, Judit Fontela, mostrou a “disposição” do governo galego para elaborar e apresentar à Aena uma proposta de estratégia aeroportuária comum, depois de, nesta quarta-feira, ter sido diretamente solicitado pela prefeita de Santiago, Goretti Sanmartín, e pelo vereador de Turismo da Prefeitura de A Coruña, Gonzalo Castro.

O papel da Aena e de Vigo

Os municípios pedem que seja a Xunta a liderar a proposta de coordenação, mas o governo galego advertiu que é o Executivo central quem tem as competências. Portanto, embora esteja aberto a desenhar a estratégia e apresentá-la à empresa pública Aena, tem “poucas expectativas” de que funcione.

Essa troca de opiniões ocorreu no contexto de um colóquio sobre os aeroportos da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, organizado pelo Clube Financeiro de Santiago, que também contou com a participação do prefeito de Braga, Ricardo Rio. No início, foi mencionado que tanto a Aena quanto a Prefeitura de Vigo também foram convidadas, mas rejeitaram participar.

Reunião com Ryanair

A prefeita de Compostela, Goretti Sanmartín, informou que pedirá uma nova reunião com Ryanair para conhecer suas expectativas para a campanha de verão de 2026. Justamente, na última sessão, ela teve um encontro com trabalhadores da companhia, que estão enfrentando um ERE. Além disso, ela fez outra solicitação de reunião ao presidente da Xunta, Alfonso Rueda, sobre quem considera ter a responsabilidade de “decidir ir adiante” e liderar essa política aeroportuária comum com uma estratégia de médio prazo.

“Falamos dos aeroportos galegos como se estivessem a centenas de quilômetros”, colocou Sanmartín, que lembrou que a “distância máxima” entre os aeroportos é os 150 quilômetros que separam Alvedro (A Coruña) e Peinador (Vigo).

Neste sentido, ela expressou sua preocupação com uma queda de passageiros, que estima em uma diminuição de 12,8% até o mês de agosto. “Já advertimos há tempo que o aumento dos números iria baixar e era necessário ter uma estratégia”, apontou, ao tempo que repreendeu ao governo galego um gasto de “milhões” em promoção turística. Nesta linha, chamou a ver a decisão da Ryanair como uma “oportunidade” e impulsionar o trabalho conjunto. Por sua parte, comprometeu o trabalho da Prefeitura para continuar em conversas com outras companhias aéreas e as demais com presença em Lavacolla.

Complementaridade e não competência

A solicitação de uma “estratégia de complementaridade e não de competição”, que Sanmartín pede à Xunta para liderar, encontrou apoio no vereador de Turismo da Prefeitura de A Coruña, Gonzalo Castro, que vê a situação atual de competição como “anômala”. “Não faz sentido ter dois voos diferentes à mesma hora em dois aeroportos galegos“, exemplificou.

Segundo Castro, “falta uma reflexão conjunta” sobre o que “representa” cada um dos três aeroportos galegos. “Isso só pode ser feito pelo governo galego com a colaboração do resto das administrações”, continuou. Além disso, criticou a Aena por uma “falta de sensibilidade” e pede, entre outros, acesso a hubs internacionais.

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