O fundador da Puentes ultima a venda das suas ações para a CRBC com 106 milhões em ativos no seu holding familiar.
Bens Patricios, a sociedade através da qual a família Otero canaliza seus investimentos imobiliários e em Pontes e Estradas, retornou aos números vermelhos em 2024.

O holding familiar de José Manuel Otero regressou aos números vermelhos em 2024, marcado pela ofensiva da China Road and Bridge Corporation (CRBC) pela sua participação de 32,78% no Grupo Puentes y Calzadas.
Assim revelam as contas anuais de Bens Patricios, a sociedade através da qual a família fundadora da construtora galega controla tanto suas ações como seus negócios imobiliários. De acordo com a documentação apresentada perante o Registro Mercantil de Madrid (onde está localizada sua sede social), Bens Patricios finalizou o seu exercício fiscal de 2024 com umas perdas de 208.880 euros, em contraste com o lucro líquido de 104.948 euros obtido no ano anterior.
A empresa viu como a sua conta de resultados se tingiu de vermelho apesar de aumentar sua cifra de negócios até os 701.993 euros, frente aos 620.413 euros de 2023, ano em que registrou um resultado positivo de mais de 450.000 euros por alienações de imobilizado.
Bens Patricios obteve estes resultados a partir das seis filiais com as quais canaliza seus investimentos tanto na Espanha quanto nos Estados Unidos. E é que o holding familiar presidido por José Manuel Otero realizou em 2021 uma fusão por absorção de Ames Resources (localizada nos Estados Unidos), bem como A Penagrande Darriba SLU, Concesionaria de Bens Patricios SLU, Tenedora de Acciones de Bens Patricios SLU, Bienes Raíces de Bens Patricios SLU, Ponteibérica 2024 e Europe Bridges & Roads Company SLU.
Bens Patricios aproxima-se dos 78 milhões de euros de patrimônio líquido e soma uns ativos totais de 106,3 milhões de euros, dos quais a maior parte (71,5 milhões) correspondem a Europe Bridges & Roads Company SLU. Esta sociedade chegou a controlar 100% do Grupo Puentes y Calzadas, mas desde 2020 atua como acionista minoritária depois de que China Road and Bridge Corporation (CRBC) se tornasse a majoritária após comprar 66,5% da construtora.
A ofensiva da CRBC pelos 100% do Grupo Puentes
A empresa asiática, que faz parte do gigante China Communications Construction Company (a quarta maior construtora do mundo), atua como principal acionista da companhia desde então e durante esta etapa acelerou o crescimento da firma galega. Não sem motivo, o Grupo Puentes passou de faturar 115,5 milhões de euros a disparar essa cifra até os 434,6 milhões em 2024.
O contrato assinado naquela época entre a família fundadora do Grupo Puentes e a firma chinesa contemplava a ativação de uma opção de compra a partir de 31 de dezembro de 2024. Por meio desta cláusula, a empresa asiática tem a porta aberta para adquirir as ações que ainda não são de sua titularidade em troca de um preço que está vinculado à evolução dos parâmetros financeiros da empresa.
A própria companhia indicava no passado mês de junho que o “mecanismo será ativado com a apresentação das contas anuais de 2024 e levará alguns meses para se efetivar”. As discrepâncias entre ambas as partes na hora de encontrar esse preço justo têm complicado as negociações até a data e a operação, que leva meses sendo gestada, ainda não pôde ser concretizada.
Neste sentido, Bens Patricios atribui um valor líquido contábil (que não de mercado) de 70,15 milhões de euros à participação de 32,8% que Europe Bridges & Roads Company mantém num Grupo Puentes y Calzadas que recentemente mudou de diretor financeiro e que poderia ser testemunha de um processo de arbitragem entre seus dois acionistas caso não se chegue a um acordo.