Os proprietários da mina de dunita de Cabo Ortegal planejam um investimento de 100 milhões em As Pontes
Xestur autoriza a venda de uma parcela em Penapurreira à firma Pasek Minerais, que prevê instalar uma planta mineralúrgica de processamento e valorização de dunite, em detrimento da opção de um centro logístico com empresas chinesas inquilinas apresentado por outra companhia
Vista aérea das instalações da central térmica da Endesa no município corunhês de As Pontes. EFE/ Kiko Delgado
Toma corpo em As Pontes um projeto de investimento de cerca de 100 milhões de euros para erguer uma planta mineralúrgica de processamento e valorização de dunita, um mineral que é extraído em Cabo Ortegal desde 1972 e cujos usos são industriais. E faz isso com fatos. Xestur acaba de autorizar a venda de um lote em Penapurreira à empresa Pasek Minerais, que lidera o projeto, em frente à opção de um centro logístico com empresas chinesas inquilinas apresentado por outra companhia, sediada em Bergondo.
A opção de Pasek foi apresentada em 12 de dezembro passado e já foi aprovada pelo conselho de Xestur, de acordo com as fontes consultadas por Economia Digital Galiza. Em concreto, o pedido de autorização foi processado por Investimentos Imobiliários Canvives, vinculada ao fundo Blackstone e ao Santander, que solicitava a Xestur uma nova autorização de venda do lote B6-B7 do Parque Empresarial de Penapurreira a favor de Pasek Minerais.
O projeto “Duncon”
Junto ao pedido apresentado, descrevia-se o denominado projeto “Duncon”, que pretende implantar-se no lote, e que consiste na instalação de uma planta mineralúrgica de processamento e valorização para a obtenção de óxido e hidróxido de magnésio e silicato sódico a partir da dunita extraída desde 1972 na mina David, localizada em Ortegal.
O processo centra-se no uso de resíduos mineiros, principalmente finos e lamas de dunita, provenientes do processamento deste mineral extraído na mencionada mina, como matéria-prima para a sua transformação em produtos de alto valor acrescentado: silicatos de sódio solúveis em água, hidrogênio de magnésio cristalizado e outros hidróxidos metálicos de manganês, ferro e alumínio, segundo consta na memória do projeto.
Os usos da dunita
Estes produtos são utilizados posteriormente nas indústrias de cimento, fertilizantes, borracha, cerâmica e refratários, indústria papeleira e diversos processos químicos. O projeto representa um investimento total de 100 milhões de euros entre uma planta “demo” (de demonstração da tecnologia) e uma planta industrial, de acordo com tal documento.
Pasek Minerais destaca também a importância do projeto pelo seu impacto social, gerando até 70 postos de trabalho com contratos indefinidos e alto grau de especialização.
A opção de Pasek
A companhia, Pasek, está domiciliada em Cariño, e pertence ao grupo asturiano Pire González, fornecedor de grandes grupos industriais. A companhia como tal foi constituída em 1971, dentro do entramado societário de um grupo belga, mas não foi até 2007 quando mudou de mãos e passou a capital espanhol. Em 2014 foi quando começaram com os processos de transformação da dunita por parte de Pasek. Atualmente, Estados Unidos, Polônia, Portugal e Bélgica são seus principais mercados internacionais.
A autorização da venda do lote aos promotores deste projeto foi aprovada e notificada no último conselho de administração de Xestur. A luz verde à operação foi assinada frente a outra opção finalmente descartada, que aspirava a adquirir esse lote.
A firma Santo Domingo 6 Parrote Renováveis, com domicílio social em Bergondo, apresentou perante a Xunta um projeto para que três empresas chinesas se estabelecessem no armazém do polígono de Penapurreira. Estimava um investimento de seis milhões e 150 empregos para um centro logístico com ditas empresas chinesas inquilinas. Esta última firma está vinculada à Atium Logistics, que na sua vez planejou e chegou a contar com uma concessão no porto de Ferrol para a importação de carros da China que finalmente não avançou.