Revolta laboral na Ryanair pelos seus despedimentos massivos em Lavacolla
Várias dezenas de trabalhadores da Ryanair realizaram uma marcha pelo Aeroporto de Santiago-Rosalía de Castro e paralisaram os serviços de 'check in' para expressar o seu rejeição ao ERE apresentado pela companhia

O Plano de Regulação de Emprego (ERE) desencadeia uma onda de protestos no Aeroporto de Santiago-Rosalía de Castro. Várias dezenas de pessoas mobilizaram-se nesta segunda-feira contra o plano de demissões anunciado pela companhia aérea irlandesa.
Apoiados por entidades sindicais, políticos e funcionários de outros serviços do aeroporto, um grupo de trabalhadores da Ryanair organizou algumas paralisações que resultaram numa marcha pelas instalações do terminal. Durante a manifestação, os participantes exigiram a manutenção dos empregos na empresa, entoando cantos como com o nosso trabalho não se brinca, não ao ERE da Ryanair e estamos em greve. A manifestação paralisou, por um momento, o serviço de check-in no balcão da Ryanair.
Um ERE “fraudulento”, segundo a CIG
O delegado da Comissão e presidente do comité da Ryanair, Alberto Couceiro, indicou que uma reunião com representantes da companhia na última sexta-feira para tratar do ERE, terminou sem acordo. Nesse sentido, Couceiro classificou como “irrisória” a proposta apresentada pela Ryanair nessa reunião. “Eles queriam nos dar 30 dias por despedimentos, com 15 prestações. Acreditamos que é muito pouco, já que a empresa Ryanair registou lucros recordes no último ano”, detalhou.
Por outro lado, Couceiro enfatizou que a empresa não está disposta a negociar um ERTE e “só pensa no ERE”. “Extinguir os contratos das pessoas mais antigas, voltar a contratar, depois, pessoas eventuais, com menos horas e contratos mais precários”, denunciou.
Quanto ao dia de greve desta segunda-feira, o representante dos trabalhadores celebrou o apoio ao movimento ao mesmo tempo que destacou que não houve incidentes nos voos porque a empresa estabeleceu um serviço mínimo de “quase 100%”. Em qualquer caso, o próximo passo, segundo Couceiro, será denunciar e tentar impugnar o ERE na Audiência Nacional.
Em paralelo, a delegada da Confederação Intersindical Galega (CIG) e membro do Comité da Ryanair, Sofía Miranda, afirmou que, do sindicato, “está claro que este é um ERE fraudulento”. “Não estamos dispostos a perder os postos de trabalho e reivindicamos a reincorporação dos trabalhadores”, frisou.
A representante sindical sublinhou que, de forma unilateral, Ryanair finalizou as negociações com a proposta que “não vai ser aceita”. “Estamos à espera da Audiência Nacional. O que queremos é que se volte atrás com este ERE que, temos certeza, é fraudulento”, destacou.
Segundo Miranda, a proposta da Ryanair é ficar com 15% ou 20% dos 100 trabalhadores que a companhia tem em terra. “É irrisório porque sabemos que, na temporada de verão, vai haver mais voos, que não estão cobertos com o pessoal necessário”, insiste.
Apoio de políticos
A primeira-tenente de prefeito da câmara municipal de Santiago, María Rozas, também compareceu ao protesto onde reforçou a preocupação do conselho municipal com a situação do aeroporto e o futuro laboral dos trabalhadores da Ryanair. Adicionalmente, a primeira-tenente de prefeito lembrou que o terminal é uma “estrutura chave” para a cidade e que gera muitos empregos diretos e indiretos, além de permitir uma “conectividade” a nível Santiago e galego.
“Por isso, apoiamos as reivindicações dos trabalhadores e das trabalhadoras da Ryanair. Por isso, hoje estamos aqui, em apoio e solidariedade à sua situação perante este anúncio da Ryanair“, enfatizou Rozas. Nesse sentido, o secretário-geral do Movemento Sumar Galiza, Paulo Carlos López, criticou que o ERE apresentado pela Ryanair é uma “vergonha autêntica”. “Não foi negociado com a representação sindical e constitui um ataque direto aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, destacou.