Confissão de um liberal sem complexos

O Estado comporta-se como um cliente inadimplente que nunca paga, que sempre coloca desculpas e que ainda pretende dar lições de gestão; arrecada antes de produzires, afunda-te em papéis inúteis e protege os medíocres.

¡Ei Tecnófilos! O que está acontecendo por aí? Não sei se o meu é um pecado ou uma bênção, mas confesso: sou liberal. Acredito em menos Estado e mais setor privado. Não é um slogan, é uma convicção tatuada na minha forma de viver, trabalhar e de entender o mundo.

Há mais de trinta anos trabalho para uma multinacional de renome mundial. Não direi o seu nome —a discrição é parte da sua religião—, mas direi que com ela aprendi mais sobre economia, gestão e vida do que em qualquer universidade. Essa empresa me ensinou que o respeito se conquista com resultados, não com palavras vazias.

Conheço pessoalmente o dono. E não exagero ao dizer que suas frases marcaram-me tanto quanto os golpes da vida. Tem essa capacidade inata de antecipar-se ao tempo, de ver o que outros não veem, de ouvir mais do que fala. E quando finalmente fala, faz-o com a contundência de quem tem senso comum nas veias. Esse homem representa para mim o que é um verdadeiro empresário: alguém capaz de escolher os melhores, torná-los ainda melhores e, sim, torná-los ricos.

Nessa multinacional aprendi que a competitividade não é um slogan, é um dogma. Que a tecnologia não é vista como uma despesa, mas como a ferramenta para sobreviver. Ali, a cada pouco tempo, há uma revolução tecnológica interna, um abalo que te obriga a adaptar-se ou morrer. E vi como escutam qualquer um que venha com uma nova ideia, como subcontratam talento sem complexos, como buscam sempre fazer mais com menos. Essa cultura do esforço silencioso, sem poses, sem fogos de artifício, é o que precisamos neste país.

Porque aqui, na Espanha, o contraste é doloroso. O Estado comporta-se como um cliente moroso que nunca paga, que sempre põe desculpas e que ainda pretende dar lições de gestão. Recolhe impostos antes de produzires, afunda-te em papéis inúteis e protege os medíocres. E digo com todas as letras: sim, há corrupção no setor privado, mas no setor público —sobretudo no topo, na cúpula— a corrupção é o nosso pão de cada dia.

Não exagero. Basta ver a corte de quiosques políticos que criamos: observatórios que não observam nada, ministerios duplicados, assessores escolhidos a dedo, fundações que não produzem mais do que relatórios para justificar sua existência. E enquanto isso, o absentismo laboral no setor público é quase 50% maior que no privado. Uma hemorragia que este país não pode permitir-se.

E para mais, ao presidente do Governo e aos ministros paga-se uma miséria, um salário de piada para quem deveria ser o conselho de administração do país. Um insulto à inteligência. Como pretendemos atrair talento se não premiamos a excelência também na política? É simples: deveriam ser os mais bem pagos da Espanha, mas com uma variável feroz atada a resultados medíveis: crescimento do PIB, redução da dívida, investimento em inovação. Só assim viriam os melhores e não os medíocres que hoje fazem carreira ao golpe de slogan.

Sei que o que digo incomoda. Mas é a verdade. Espanha está presa numa teia de burocracia absurda: permissões que demoram anos, licenças duplicadas em diferentes balcões, normativas que mudam a cada legislatura e que ninguém entende. Aqui montar uma empresa leva mais tempo do que quebrá-la. E assim nos ficam os cabelos: desemprego jovem nas alturas, dívida recorde, fuga de talento.

Enquanto isso, continuo olhando para minha cliente multinacional e penso: por que não imitamos o que funciona? Por que não transformamos o Estado num cliente exigente, que paga bem e exige resultados? Por que continuamos empenhados em sustentar um elefante gordo e desajeitado, lento, custoso e barulhento, quando o que precisamos é de um guepardo ágil e competitivo, capaz de adaptar-se, innovar e sobreviver?

Não quero ser mal interpretado. Não sou um talibã do mercado. Há coisas que devem estar nas mãos do Estado: a defesa nacional, a justiça e a obrigação de legislar e fazer cumprir as leis. Nada mais. O resto deve ser competição, liberdade e responsabilidade.

E direi sem rodeios: sou contra as subvenções. São ópio para a mediocridade, muletas para quem não quer caminhar. O Estado não deve dar dinheiro, deve deixar de colocar obstáculos e permitir que as pessoas façam o que melhor sabem fazer: criar, arriscar, prosperar.

Trinta anos aprendendo com a empresa privada ensinaram-me que a prosperidade nasce quando se premiam os resultados e não quando se blindam os privilégios. E essa é a minha confissão: sou liberal. De raça. Dos que acreditam que um país que confia no seu Estado morre de burocracia, mas um país que confia na sua gente vive de liberdade.

O resto, acreditem, são apenas canções celestiais.

Que se tecnizem!

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