O proprietário do Hotel Araguaney vê os palestinos como “últimas vítimas do nazismo”

O empresário Ghaleb Jaber Ibrahim, de origem palestina mas residente em Santiago, protesta contra Felipe González, José María Aznar e Alberto Núñez Feijóo por se manterem neutros frente aos repetidos ataques de Israel na Faixa de Gaza

O empresário de origem palestina Ghaleb Jaber Ibrahim clama contra os ataques de Israel na Faixa de Gaza. O dono do Hotel Araguaney de Santiago de Compostela concedeu uma entrevista na agência Europa Press coincidindo com o 56º aniversário da sua chegada a terras galegas.

Ghaleb Jaber Ibrahim considera que as últimas ofensivas do Governo que preside Benjamin Netanyahu contra a população palestina convertem o seu povo nas “últimas vítimas do nazismo”. Além disso, o empresário manifesta a sua “decepção” com boa parte da classe política espanhola por não defender de maneira ativa a Palestina.

“Os palestinos sofremos o que aconteceu aos judeus e reconhecemos o Holocausto. E tanto o reconhecemos que nos tornamos sua vítima”, argumenta. Nesta conjuntura, o empresário, de 74 anos de idade, considera que os palestinos são “as últimas vítimas do nazismo”, ao lembrar que a população israelita que escapou do horror nazi chegou a Palestina e, “no fim, ficaram com as casas” do povo.

Neste sentido, Jaber Ibrahim convidou o presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, a “voltar à sua consciência” porque “podes ser amigo de todas as partes”. Segundo adverte, o ex-presidente da Xunta da Galicia “tem demasiados equilíbrios” e aponta que ele mesmo lhe expôs “tudo o que está acontecendo”. “Quando os interesses ilegítimos são mais fortes que os interesses humanos, então tomam-se decisões equivocadas”, reflete.

Com tudo, o dono do Hotel Araguaney esclarece que “ser amigo de Israel” não implica “ser inimigo dos palestinos”. “Tu podes ser amigo de todas as partes e se alguém te diz que não, é porque está te prejudicando”, recomenda ao ser questionado se a atitude de Feijóo o decepcionou. “Ele precisa ter uma consciência. Que a busque, que a ative”, ele exige.

Fortes críticas a Felipe González e José María Aznar

Além de dar tarefas a Núñez Feijóo, Jaber Ibrahim coloca na mira os ex-presidentes espanhóis José María Aznar e Felipe González. “Eu fico mais decepcionado com Felipe González porque ele é quem reconheceu Israel, o que viveu em kibutz construídos sobre aldeias palestinas enclausuradas… Felipe González, o que se diz socialista”, ele lamenta.

Ghaleb Jaber Ibrahim referiu-se à seguinte declaração de González, na metade deste mês: “Se o Hamas não quer que matem crianças e mulheres, por que não solta os reféns israelitas?”. Após numerosas críticas também entre socialistas, o ex-presidente divulgou na terça-feira passada um comunicado no qual classificou de “inaceitável” a ofensiva israelita em Gaza, embora esta entrevista tenha sido realizada nesse mesmo dia, antes de tornar pública.

“Mesmo que o Hamas libertasse os reféns, Netanyahu tinha o plano preparado para isto e usou este ataque de 7 de outubro”, sustenta Jaber Ibrahim, que também acusa o ex-presidente de fechar uma aliança com o “lobby judaico madrileno”, a quem segundo ele “vende muitas joias”. “Felipe prefere vender joias que desenha ele a ricos judeus que estar ao lado de um povo que estão assassinando”, conclui.

Quanto ao ex-presidente José María Aznar, ele lembra suas boas relações com nações árabes. Nesta linha, traz à tona um episódio do ano 1999 em que o popular subiu num avião e foi a Gaza para se encontrar com o então presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasir Arafat.

“Aznar, com a sua mulher, passou duas noites em Belém, dois anos seguidos, e havia uma boa relação. Mas depois Aznar virou-se para o outro lado porque casou a filha com um sionista por interesses económicos, para a administração de muitas fortunas”, afirmou o empresário. No entanto, esta situação não é algo que lhe pareça particularmente “incrível” a Jaber Ibrahim, pois considera que o ex-presidente mentiu com a questão da guerra no Iraque porque, no final, “não havia armas de destruição maciça”.

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