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A nova Lei de Mobilidade Sustentável: outra promessa com rodas quadradas

O que realmente faz falta na Espanha não é mais uma lei, mas sim gestão, seriedade e decência; o problema não é a falta de normativa, mas o excesso de mediocridade em quem deveria aplicá-la.

¡Ei Tecnófilos! O que está acontecendo por aí? Anunciam a nova Lei de Mobilidade Sustentável como se fosse a chegada da modernidade definitiva, a panaceia verde que nos levará a um país mais limpo, mais conectado e mais eficiente. Os políticos, sempre tão eloquentes quando se trata de vender fumaça, apresentam-na como um marco histórico que “revolucionará a forma como nos movemos”. Mas aqueles de nós que observamos como funciona este país há anos sabemos que, quando os políticos se tornam solenes, convém segurar-se firme ao assento… ou ao volante.

Porque o problema não é a lei em si — que, sobre o papel, soa bem — mas quem a aplica. E aí está a armadilha. Uma lei ambiciosa nas mãos de uma administração lenta, ideologizada e desconectada da realidade torna-se outro exercício de propaganda. Declaram que a mobilidade é um direito social, o que soa muito progressista e moderno, mas diga isso ao vizinho de uma aldeia galega ou de Teruel que tem que fazer trinta quilômetros para pegar um ônibus. O que nos papéis é “mobilidade sustentável”, na vida real muitas vezes é “ande ou pague gasolina”.

O Estado pretende digitalizar o transporte criando um “Espaço de Dados Integrado de Mobilidade”. Maravilhoso. Mas a digitalização não se impõe por decreto. Constrói-se com investimento, talento e continuidade, três coisas que raramente sobrevivem a uma legislatura. Metade dos municípios nem sequer têm técnicos especializados nem recursos para cumprir com as exigências que a lei determina. É fácil falar de inteligência artificial, sensores e big data de um escritório em Madri, mas é muito mais difícil fazer isso funcionar sobre o terreno, onde as coisas falham, os servidores travam e os orçamentos não alcançam.

Enquanto isso, voltam a carregar a mochila sobre os empresários. As empresas médias e grandes deverão elaborar planos de mobilidade sustentável para seus trabalhadores. Outra camada de burocracia, outra obrigação mais para os que já sustentam o país. Não me interpretem mal: promover o transporte limpo e o teletrabalho é razoável. O que não é razoável é continuar exigindo dos empresários o que o Estado não é capaz de cumprir nem consigo mesmo.

E depois está a grande manchete: a redução de voos curtos quando houver alternativa ferroviária. Perfeito, mas antes de proibir seria necessário oferecer alternativas reais. Em muitas áreas nem existe trem, ou o que existe é tão lento que parece uma homenagem ao início do século passado. Se não há infraestrutura moderna, falar de sustentabilidade é postura. É fácil cortar voos de um púlpito; o difícil é construir vias e trens que funcionem.

O que realmente é necessário na Espanha não é mais uma lei, mas gestão, seriedade e decência. O problema não é a falta de legislação, mas o excesso de mediocridade em quem deveria aplicá-la. Porque este país não sofre de um déficit de ideias, mas de um superávit de políticos que vivem delas sem as executar. Prometem mobilidade sustentável enquanto mantêm administrações imóveis.

Então, sim, a Lei de Mobilidade Sustentável soa bem. Mas neste país, sempre que algo aprovado pelos políticos soa bem, tende-se a desconfiar. Porque já sabemos como termina: muitas manchetes, muitas comissões, muitos estudos, e no final o cidadão continua desviando de buracos e o empresário fazendo malabarismos para chegar ao fim do mês. O papel aguenta tudo; o asfalto, não.

¡Technologizem-se!

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