A outra face dos incêndios: “milhares de cancelamentos” para o turismo em Ourense.
O presidente da Confederação de Hotelaria de Ourense, Ovidio Fernández, lamenta as "milhares de pessoas que deixaram de visitar a província devido às dificuldades que tiveram no transporte".

O turismo ourensano sofre com o impacto dos incêndios. O setor registra “milhares de cancelamentos” em um mês de agosto castigado pela onda de fogos que devasta a província. “Tudo o que realmente representou ou representa para a província o mês de agosto foi prejudicado”, lamentou o presidente da Confederação de Hospitalidade de Ourense, Ovidio Fernández.
Em declarações à Europa Press, Ovidio Fernández reconhece que houve cancelamentos “intensivos” devido ao fato de que a alta velocidade continua cortada e “ainda muita gente está à espera em Madri para poder se deslocar seja em transporte pendular ou em meios de transporte urbanos”.
Por isso, “devemos falar de milhares de pessoas que deixaram de visitar a província pelas dificuldades que tiveram no transporte e que ainda enfrentam“. Além disso, acrescentou que “parece que a situação está se acalmando um pouco, mas não acabou”.
Questionado sobre as previsões para as próximas semanas, Fernández explica que “o tempo o dirá” e, afirmou ter “medo” de tudo o que pode acontecer porque é “imprevisível”. “Estamos à espera de que haja melhores notícias com a mudança das temperaturas”, ressalta.
Nesse contexto, a guia turística Rosa Dorado explicou que desde a quarta-feira da semana passada, “tem sido cancelamento após cancelamento” e ela não teve “nenhuma reserva mais”. Além disso, destacou a preocupação das pessoas, que “pressionam a agência para saber se é perigoso vir ou se vão ter problemas”.
“Não somente foram canceladas viagens para os destinos onde há incêndios, mas em geral para a Galiza. Principalmente pela entrada. Se entra por León, incêndios. Se entra por Benavente, incêndio. Por Portugal, incêndios. Hoje devia ter 40 pessoas visitando Ourense em grupos e fiquei apenas com quatro”, lamentou.
Olhando para as próximas semanas, Rosa Dorado apontou que as pessoas que planejavam vir, mesmo no final de agosto, “já não vêm, e optaram por outros destinos”. “Acredito que estamos fechando a temporada de verão agora”, enfatiza. Além disso, a preocupação se estende ao próximo verão. Dorado adiantou que a agência iria começar a vender o próximo ano com uma entidade italiana experiências turísticas na Ribeira Sacra e no Xurés, e agora “não sabe no que vai dar”.
Viagens com máscara devido à má qualidade do ar
Paralelamente, o guia turístico Diego Carreira explicou que há preocupação com a qualidade do ar, por isso na quinta e na sexta-feira começaram a oferecer máscaras nos tours, e “praticamente todo mundo as usava“. “Temos que ser conscientes de que o ar estava contaminado e você não via pessoas com máscaras quando deveriam usá-las”, aponta.
Também se referiu às cancelações, principalmente motivadas pelos trens cancelados. “As pessoas estão esperando até o último momento para ver se cancelam a viagem e estão tentando buscar alternativas, mas se sentem em uma armadilha”, destaca. Igualmente, apontou que os únicos que não estão sendo afetados são os que possuem veículos particulares.
Por isso, confirmou uma “queda” turística: “No final das contas, você tem os dias de férias, você vai se ajustar aos que tem, ou muda de plano e começa a vir em outra época, ou busca alternativas na área”, justifica Carreira. Em todo caso, assegurou que “ainda há fluxo, mas mudou”, e que o “boom parou”. Inclusive, especificou que se vê no ingresso de reservas, que está “à espera”. “Não há a mesma consulta, todas são sobre como está a situação, se será possível viajar, se os trens serão reabertos… etc”, concluiu.