As antigas torres de Amancio Ortega e Telefónica perdem 100 milhões na Espanha após a reestruturação da ATC

American Tower Espanha, que absorveu a filial criada para absorver as torres de telecomunicações da Telxius, registra perdas pelas amortizações derivadas da fusão, embora o negócio seja rentável, com um ebitda de 113,5 milhões e uma margem em alta de 41,75%

Em 2021, o gigante estadunidense American Tower Corporation (ATC) concluiu uma operação à sua altura. Pagou 7.700 milhões pelo negócio de torres de telecomunicações na Europa e América Latina da Telxius, até então participada pela Telefónica, Pontegadea e KKR, que se repartiram um macrodividendo por conta da transação. O grupo de Amancio Ortega e aquele agora liderado por Marc Murtra —então, Álvarez Pallete— comprariam pouco depois os 40% nas mãos do fundo norte-americano para continuar desenvolvendo o negócio de cabo submarino, que agora constitui o principal ativo da empresa espanhola.

Além dos ganhos gerados, a operação resultou no desembarque da ATC na Espanha, já que as torres europeias da Telxius estavam principalmente concentradas no mercado doméstico e na Alemanha. A companhia de infraestrutura de telecomunicações criou naquele momento duas sociedades, American Tower Espanha, concebida para ser o braço operativo no país, e ATC Scala Spain Holding, que foi a filial através da qual veiculou a operação com Telefónica, KKR e a equipe de Amancio Ortega, integrando cerca de 2,5 mil milhões em ativos e umas 11.300 torres no país.

Porém, a ATC, dirigida na Espanha por Daniel Noguera, decidiu que não fazia sentido operacional manter as duas filiais e, no ano passado, simplificou sua estrutura por meio de uma absorção inversa, na qual a American Tower Espanha engoliu o holding. A fusão teve um impacto contábil que ficou evidenciado nas contas anuais do grupo e que resultou em pesadas perdas na Espanha, com números vermelhos de algo mais de 100 milhões. Como ninguém paga 7.700 milhões por um negócio ruinoso, o resultado negativo da filial espanhola não é consequência da atividade ordinária de prestar serviços às telecos como torreiro, mas sim das amortizações derivadas da própria fusão.

Cresce o EBITDA e as margens

American Tower Espanha explica em seu relatório de gestão, consultado por este meio através do sistema Insight View, que as perdas “são devidas às amortizações contábeis dos fundos de comércio de consolidação e o aparecimento de valores consolidados de ativos, e, portanto, não se derivam das operações ordinárias das sociedades do grupo”. O impacto dessas amortizações, segundo o mesmo documento, atingiu os 169,5 milhões, deixando o resultado de operação em números negativos de 58 milhões ao final de junho de 2024, quando concluiu seu primeiro exercício contábil após a fusão.

Diante desta coleção de números vermelhos marca um claro contraste o EBITDA, que não só apresentou números positivos, mas também aumentou para 113,5 milhões (112,4 milhões em 2023). Também se alargou a margem sobre o volume de negócios de maneira significativa, passando de 38,4% de 2023 para um 41,75%. Neste cálculo não se considera nem os outros rendimentos à margem da atividade ordinária nem os trabalhos para o próprio ativo.

Ainda assim, entre as amortizações e um resultado financeiro negativo de 50 milhões, derivado do pagamento da dívida intragrupo e da provisão de 5,2 milhões para desmantelamento, acabaram levando a conta de resultados às mencionadas perdas de 100,6 milhões, que têm mais a ver com os manejos contábeis do que com a realidade do antigo negócio da Telxius na Espanha.

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