Biomar, a aposta mais desconhecida da Pharma Mar, cumpre oito anos às portas do BME Growth

No passado mês de maio completaram-se seis anos da venda da Zelnova Zeltia. Pharma Mar arrecadou 33,4 milhões de euros com a venda da sua última grande filial galega. Este movimento ocorreu apenas alguns meses depois de que a cotada que preside José María Fernández de Sousa também se desfizesse de Xylazel (agora nas mãos de Akzo Nobel) para obter fundos necessários para reforçar a sua aposta no negócio oncológico.

Esta situação deixou a Pharma Mar com apenas duas filiais em Espanha: a já dissolvida Genómica (especializada em diagnóstico) e Sylentis (dedicada ao desenvolvimento de terapias baseadas em silenciamento génico, RNAi). Mas Pharma Mar estende seus tentáculos para outras três empresas nas quais possui participações minoritárias. Trata-se de Pangaea Biotech, da qual controla 0,07%, Johnson & Johnson (possui apenas 0,00001%) e Biomar, onde sua posição sobe até 3,49%.

As origens da Biomar

Esta última nasceu em 1996 precisamente como uma spin off do então grupo Zeltia. José Luis Fernández Puentes, irmão do vice-presidente da Pharma Mar e presidente da Zeltia, foi encarregado de fundá-la a partir do departamento de Microbiologia de Pharma Mar, que estava localizado na cidade de León.

Seus inícios remontam a um chalé individual transformado em laboratório e não seria até o ano seguinte que Biomar se estabeleceria no Centro Europeu de Empresas de Inovação, onde permaneceria 12 anos antes de dar o salto para o Parque Tecnológico de León.

A marca da Biomar

Em seus quase 30 anos de trajetória, Instituto Biomar abrangeu atividades como a busca por moléculas de origem marinha na área de oncologia até explorar o campo de biopesticidas e a produção de biodiesel a partir de microalgas.

A companhia, que tem a Antonio Fernández Medarde como CEO, figura no seleto grupo de 30 empresas que fazem parte do denominado entorno pré-mercado do BME Growth. Nesta lista figuram empresas às quais se facilita a adaptação aos requisitos regulatórios e princípios de transparência e bom governo necessários para a sua integração ao mercado de valores, com o BME Growth em vista.

De fato, Biomar foi, junto a Housers e Cuatroochenta, uma das três empresas pioneiras a dar o passo e entrar neste segmento criado por Bolsas y Mercados Españoles (BME) e a Associação Nacional de Business Angels (Big Ban Angels).

Em seu catálogo de produtos, Biomar conta com soluções para a saúde animal, biopesticidas baseados em microorganismos naturalmente degradados, bioestimulantes para a agricultura enquanto que no mundo da cosmética fornece princípios ativos a Infinitec Activos. No âmbito da alimentação, a firma desenvolve alternativas naturais aos adoçantes e realiza testes com a bactéria responsável pela fermentação do vinho para melhorar seus processos.

O seu investimento estrela

Precisamente em torno da produção por fermentação gira a sua última aposta estrela. A companhia investiu três milhões de euros para ampliar suas instalações em León. A nova planta ocupa uma superfície de 750 metros quadrados e possui tanques de fermentação de até 3.000 litros.

Além disso, este movimento permite que Biomar cumpra com as condições para obter a certificação GMP (NFC) que abre a porta à fabricação de medicamentos para uso clínico.

A companhia também conta com até quatro compostos no seu pipeline, todos eles em fase pré-clínica. O IB08C179, para casos de AVC ou Alzheimer; o antibiótico Marine C Biopeptide; BMT9, para o glioblastoma (o tipo de tumor cerebral mais comum); o IB12A157, para prevenir a metástase em casos de câncer de mama.