Europa segue a Trump e consuma o golpe a Shein e Temu: põe fim aos envios gratuitos e cobrará taxas em 2028
O acordo aprovado pelos Estados membros prevê trabalhar num mecanismo transitório que permita começar a cobrar as taxas aduaneiras no início do próximo ano
A União Europeia consome a sua cruzada contra os envios low cost. Os Estados membros aprovaram nesta quinta-feira a eliminação das isenções tarifárias que estão actualmente aplicadas aos envios de valor inferior a 150 euros provenientes de países terceiros. O objetivo é travar a avalanche de pacotes que chegam, principalmente da China, a través de plataformas como Shein, Temu ou AliExpress.
A medida aprovada em Bruxelas entrará em vigor em 2028. Apesar disso, o acordo aprovado pelos ministros da Economia prevê trabalhar num mecanismo transitório que permita começar a cobrar as taxas aduaneiras no início do próximo ano por se tratar de um problema demasiado urgente que não pode esperar dois anos.
“A eliminação do limiar livre de tarifas significa que os direitos aduaneiros terão que ser pagos desde o primeiro euro em todos os bens que entrem na UE” e também o IVA, disse a ministra das Finanças da Dinamarca, Stephanie Lose, cujo país preside este semestre o Conselho da UE. “Vamos trabalhar com os Estados membros e a Comissão para desenvolver uma solução simples e temporária o mais rápido possível já em 2026”.
Pressão contra o low cost
A tensão contra o modelo de comércio eletrónico de gigantes asiáticos tem crescido exponencialmente nos últimos meses. Em maio passado a Associação Austríaca de Comércio a Retalho e a Greenpeace solicitaram ao Governo austríaco e à Comissão Europeia medidas para aplacar a chegada massiva de pacotes dessas plataformas pelo “prejuízo que representavam tanto para os comerciantes europeus como para os consumidores e o meio ambiente”.
Segundo os cálculos do Executivo de Ursula von der Leyen, o ano passado entraram no mercado europeu cerca de 4.600 milhões de envios low cost (de 150 euros ou menos) a uma taxa de cerca de 12 milhões de pacotes diários, o dobro do ano anterior e o triplo que em 2022.
O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, destacou que esta “inundação” de pacotes “representa um desafio para o controlo e a segurança”. “Estamos a falar de dois euros por pacote pagos pela plataforma. E se é por serviços oferecidos pelos armazéns onde esses pacotes são armazenados, é mesmo menos, de 0,50 euros”, apontou.
A UE segue o mesmo caminho iniciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que eliminou no início de maio a chamada isenção de ‘minimis’ às importações provenientes da China e Hong Kong de um valor inferior a 800 dólares e que isentava o pagamento de tarifas.