O dado que alerta investidores e fornecedores da Inditex: os gastos operacionais crescem acima das suas vendas
Inditex vê como os seus custos operacionais aumentaram 2,2% no primeiro semestre, acima das suas receitas, que tiveram um avanço de 1,6%, uma evolução que quebra com a dinâmica habitual de outros anos, com custos abaixo e margens em aumento

Inditex navega por um novo ambiente, com crescimentos tanto em vendas como em lucros muito abaixo do que estava acostumado o mercado. Os avanços em dois dígitos ficaram para trás, com um crescimento em termos de lucro líquido praticamente estagnado (avanço de 0,8% no primeiro semestre frente a 10,1% do primeiro semestre do ano passado) e rendimentos que crescem 1,6%, frente a 7,2% do mesmo período do ano passado. E os gastos? Como se comportaram os gastos nesta primeira metade de 2025?
Nova realidade
Pois, revertendo a situação a que a empresa têxtil tem acostumado o mercado e investidores, os gastos cresceram nesta primeira metade do ano acima das vendas. Em concreto, os gastos operacionais cresceram 2,2%. Incluindo todas as cobranças por arrendamentos, os gastos operacionais cresceram 63 pontos básicos acima do crescimento das vendas.
Esta evolução é quase inédita na empresa têxtil. Para não ir mais longe, no primeiro semestre do ano passado, os gastos operacionais tinham crescido 6,8%, abaixo do aumento das vendas; incluindo também todas as cobranças por arrendamentos, 102 pontos básicos abaixo do crescimento das vendas, que tinha sido de 7,2% mencionado. Esta é a tônica habitual, e um dado que não passa despercebido tanto em Arteixo como no mercado e entre sua rede de fornecedores. Acontece algo similar com as margens, consequência direta desta evolução.
As margens sofrem
A margem bruta cresceu 1,5%, até 10.703 milhões de euros, e se situou em 58,3% das vendas, mas marcou um retrocesso de 5 pontos básicos frente ao resultado obtido no mesmo período de 2024. Na primeira metade do ano passado, a margem bruta tinha aumentado 7,5%, até 10.541 milhões de euros, situando-se também em 58,3% das vendas, mas com um avanço de 19 pontos básicos sobre o ano anterior.
Esta margem, que vem a ser a diferença entre as receitas geradas pelas vendas e os custos diretos de produção, é determinante para conhecer a eficiência de um negócio, já que costuma oferecer uma visão clara de quanto está realmente ganhando por cada unidade monetária vendida, excluindo custos adicionais como amortizações ou despesas financeiras. E no caso de Inditex, essa margem bruta, desta vez, diminui.
Com um custo de vendas no primeiro semestre de 7.654 milhões de euros, a margem bruta situou-se em 10.703 milhões de euros. O resultado, uma margem bruta percentual do já citado 58,3%, exatamente o mesmo dado que no primeiro semestre do ano passado, quando a margem tinha sido de 10.541 milhões.