O turismo galego se reivindica: “Em matéria laboral não podemos ser vistos como um problema, somos a solução”

Economia Digital Galiza analisa três casos de 'sucesso' de experiências turísticas: O Semáforo de Fisterra, Grupo Amicalia e a companhia Iberik, com empresários que concordaram sobre os problemas para manter “equipes estáveis”

Mesa redonda sobre casos de sucesso no turismo. À esquerda, José Luis Lagoa Borges, presidente da Iberik, seguido de Jesus Picallo, gerente do Hotel O Semáforo, Jesus García Rojo, do Grupo Amicalia, e Manuel Carneiro, economista e autor do relatório ‘Futurismo’. Foto: EDG

“Em geral, no setor, contar com uma equipe estável é quase impossível”. É uma das afirmações que realizou na apresentação do relatório Futurismo José Luis Lagoa Borges, presidente do grupo Iberik Hoteles, companhia que em Galiza conta com dois balneários, o de Guitiriz e o de Augas Santas, ambos em Lugo, além de um estabelecimento de turismo rural em O Saviñao e outros dois quatro estrelas em Astúrias e Lleida. É um dos empresários que nesta terça-feira participou em Santiago de Compostela, na sede da Confederação de Empresários da Galiza (CEG), em uma mesa redonda sobre casos de sucesso no turismo galego, dentro da jornada na qual se apresentou o relatório impulsionado por Economia Digital Galicia que analisa a realidade e os desafios do setor com o horizonte marcado pelo Xacobeo 2027.

Nessa mesa redonda, que foi moderada pelo economista e autor do relatório Futurismo, Manuel Carneiro, também participaram Jesús Picallo, gerente do Hotel O Semáforo de Fisterra e Hotel Faro Lariño, e Jesús García Rojo, fundador do grupo Amicalia. Em sua fala, os três executivos quiseram destacar o potencial da indústria turística galega, e especialmente daquela com uma oferta de maior qualidade ou singular, como gerador de emprego qualificado.

Hotéis singulares e mercado no Bernabéu

Tanto O Semáforo em Fisterra como Faro Lariño em Carnota são hotéis boutique que recuperaram dois antigos faróis, especializando-se no chamado Turismo de Faróis e apostando por uma abordagem única de ofertas singulares. A família Picallo apostou além disso, de forma decidida, por um modelo sustentável, o que fez com que acumulassem diversos prêmios como é o caso do Prêmio Sem Rastro na categoria de Hotelaria pelo Clima, por ser um claro expoente da hotelaria e o turismo comprometido com a preservação do meio ambiente.

Amicalia, por sua parte, é a matriz de um grupo de hoteleiros, também de caráter familiar, que há anos impulsiona negócios de restauração tanto em Galiza quanto em Madri e que está por trás de nomes tão relevantes como Alborada, Alabaster ou A Mundiña. Seu último grande salto é a implementação do Bernabéu Market, um espaço gastronômico resultado de um acordo de cessão com o Real Madrid que reúne cerca de 20 operadores que realizam uma oferta complementar entre si. Com este novo negócio, a companhia dá um salto de escala, já que sua faturação aumentará dos 15 aos 35 milhões de euros aproximadamente.

Profissionais qualificados

Na mesma linha que o presidente de Hotéis Iberik, ambos empresários reivindicaram as experiências singulares em setores como turismo e hotelaria como oportunidades de crescimento, mas lamentaram os problemas que tiveram nos últimos anos para a obtenção de mão de obra qualificada.

“Durante anos se acreditou que na hotelaria é como que qualquer um vale para realizar determinadas tarefas e isso não é assim. Nós apostamos por uma especialização e uma qualidade, mas certamente é difícil formar equipes”, expôs García Rojo, que destacou, por exemplo, os desafios de pôr em marcha projetos de alta qualidade. “O projeto do Bernabéu Market iniciamos há anos e abrimos as portas a semana passada. Teve sua complicação trabalhar com o Real Madrid porque as obras de nosso mercado tiveram que se adaptar aos seus tempos, aos jogos… É um espaço muito grande, de 3.500 metros quadrados com uns operadores que buscamos que não fizessem concorrência entre si”, explicou. Em linha com outras vozes escutadas durante a jornada de Futurismo, o executivo lembrou a necessidade de equiparar qualidade e preço. “Deves apostar pela qualidade mas isso sempre tendo em conta que tens que defender uma conta de exploração”, advertiu.

A este respeito, Lagoa lembrou a aposta de sua cadeia por dar uma volta à tradicional aposta dos balneários. “Investimos em ativos deste tipo pensando em mudar um pouco a cultura relacionada com os balneários que só o relacionava com viagens do Imserso, apostando por uma oferta de qualidade que, ao mesmo tempo, estivesse relacionada com a prática do golfe”, comenta. “Para ser um caso de sucesso ainda nos falta muito por fazer mas é uma aposta na qual tens que valorizar o que ofereces, qual vai ser teu investimento e teu retorno”, opinou.

“Algo estaremos fazendo bem se crescemos”

No caso do negócio dos hotéis na rota dos Faróis, Picallo destacou o aumento de custos que supõe sua aposta pela sustentabilidade, com serviço de carro elétrico, placas solares, cortinas elaboradas com resíduos plásticos reutilizados do mar… “É uma aposta que nós levamos adiante e que, por exemplo, também nos faz captar clientes a maioria estrangeiros, com o que conseguimos uma maior desestacionalização“, explicou o empresário, quem em linha com seus companheiros de mesa redonda incidiu nos “problemas laborais” que enfrenta um negócio muito especializado ou com maiores padrões tecnológicos e sustentáveis.

“A este respeito, o que quero reivindicar é que com respeito ao tema laboral não devemos ser vistos como o problema, mas sim que precisamente somos a solução, já que estamos buscando uma oferta de emprego estável e de qualidade”, reivindicou. “Algo estaremos fazendo bem se o setor está crescendo e em Galiza isto tem ainda mais mérito porque não há tanta presença das grandes cadeias, na maioria somos autônomos“, disse.

Organizada por Economia Digital Galiza, a jornada Futurismo contou com o apoio de Banco Sabadell Galego e a colaboração da Confederação de Empresários da Galiza (CEG).

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