Os aluguéis à Inditex representam apenas 5% dos rendimentos de aluguer que Amancio Ortega recebe em um ano.

A fortuna de Amancio Ortega sustenta-se, principalmente, em dois pilares. O primeiro e maior é a sua participação de quase 60% no capital da Inditex, com uma capitalização de mercado de quase 130.000 milhões, e os dividendos que ela gera. O segundo são suas rendas por aluguéis derivados de sua imensa carteira imobiliária. Ambos os negócios intersectam-se num ponto, sendo que as diferentes sociedades de Pontegadea, o family office do veterano empresário, alugam à multinacional têxtil vários ativos imobiliários, principalmente lojas. No entanto, ao contrário do que se pensa, essas rendas representariam apenas cerca de 5% do que o pai de Marta Ortega ganha com sua carteira imobiliária.

Esse é, pelo menos, o percentual extraído de um cálculo simples. Inditex declara em sua última memória anual que em 2024 pagou a diferentes sociedades de Pontegadea um total de 46 milhões de euros em conceito de “arrendamento de ativos”. Esse montante representaria 4,7% dos 977 milhões de euros que, de acordo com os cálculos de Economía Digital Galicia, as grandes sociedades do holding da família Ortega receberam no ano passado como aluguel de imóveis.

A estrutura de Pontegadea

Como recentemente publicado por este meio, no último exercício, Pontegadea teria registrado rendas de quase mil milhões em conceito de aluguéis. O grupo, com sede em A Coruña, organiza-se em três grandes sociedades holding. Pontegadea Inversiones, que detém 50% do capital da Inditex e a maioria dos ativos imobiliários do veterano empresário; Partler 2006, que possui 9% do capital da têxtil, parte de suas apostas energéticas e edifícios e armazéns logísticos principalmente nos EUA e em Portugal, e Pontegadea GB 2020, que agrega os negócios da família Ortega no Reino Unido.

Segundo suas últimas memórias enviadas ao Registro Mercantil, o holding Pontegadea Inversiones somou no ano passado “rendas provenientes dos investimentos imobiliários” de 657 milhões de euros. Partler também aumentou seus rendimentos “por arrendamento e por investimentos imobiliários” de 160 para 205 milhões de euros e Pontegadea GB 2020 registrou neste conceito outros 115 milhões de euros.

Estas três grandes sociedades agregam, por sua vez, filiais com ativos imobiliários, principalmente na Europa, Estados Unidos e Canadá.

Operações com “acionistas significativos”

Por outro lado, a memória anual da Inditex enviada à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) revela as transações com Pontegadea ao longo do último exercício. Os administradores da empresa informam no documento citado sobre as operações realizadas com acionistas significativos do grupo, como é o caso da companhia gerida por Roberto Cibeira.

“Uma parte significativa das operações vinculadas que são registradas todos os anos neste item corresponde ao pagamento das rendas associadas aos locais comerciais que várias sociedades do grupo têm arrendadas para o exercício de sua atividade e cuja propriedade pertence a sociedades vinculadas ao acionista de controle ou a acionistas significativos”, indica a memória.

Os pagamentos de Inditex a Pontegadea por arrendamento de ativos imobiliários incrementaram quase 18% no último ano, de 39 a 46 milhões de euros.

É importante considerar que as relações entre Inditex e Pontegadea não terminam aí, já que o family office dos Ortega também pagou à companhia têxtil outros 42 milhões por “prestação de serviços de obra”.

Embora a empresa não especifique, esse montante está relacionado com as encomendas que a Fundação Amancio Ortega, dependente de Pontegadea, faz à Goa Invest, a construtora da multinacional, para a realização de diferentes projetos. Por exemplo, nos últimos anos, a construção de residências para idosos que doou à Xunta de Galicia.