Revolta laboral num fornecedor da Inditex: o pessoal acusa a Jevaso de pagar abaixo do acordo.

O comitê de empresa anuncia mobilizações, a primeira na próxima quarta-feira, e recrimina a empresa por não aplicar o acordo de melhorias salariais

Aumenta a tensão em Jevaso, um dos clássicos fornecedores de Inditex. O pessoal da companhia, fundada há 40 anos por Jesús Vázquez Sobrino, anunciou mobilizações após acusar a empresa de não cumprir os aumentos salariais acordados no convênio. A primeira concentração será na próxima quarta-feira, 5 de novembro, para exigir a imediata atualização dos salários e o pagamento dos montantes em atraso gerados desde janeiro de 2024.

Jevaso, nos seus primórdios, confeccionava peças de vestuário e acabou sendo uma auxiliar dos gigantes da moda, como Zara, oferecendo serviços de confecção, passagem a ferro e etiquetagem, devoluções ou comércio eletrónico. O comité de empresa diz que, após a publicação do convênio estadual da indústria têxtil e de confecção, tem o dever de revisar os salários com base nas novas tabelas salariais e pagar os atrasados.

Para reivindicar isso, convocou o primeiro protesto em Arteixo, das 13 às 14 horas, coincidindo com a mudança de turno.

Descumprimento “flagrante”

Num comunicado, a representação dos trabalhadores explica que “uma vez revistos os montantes pagos, verificou-se que eram muito inferiores aos que legalmente correspondiam”. Diante desta situação, o comité de empresa teve uma reunião com a empresa para exigir explicações sobre as quantias pagas e sobre a atualização dos salários. Nela, a empresa informa que decidiu “unilateralmente” compensar os atrasos do convênio e a atualização dos conceitos salariais com as quantias que está pagando acima do convênio e que são fruto de uma negociação assinada entre as partes em julho de 2023.

“Isso representa um corte dos direitos econômicos e um descumprimento flagrante do acordo assinado com a representação social, que nem o comité nem o pessoal está disposto a tolerar, ainda mais quando Jevaso obteve mais de quatro milhões de euros de lucros”, criticam.

Paralisações na Black Friday?

Enfatizam que o acordo assinado em julho de 2023 registra “de forma expressa” a vontade das partes de que os complementos acordados “não serão absorvidos por aumentos salariais de convênio” e inclusive está expressamente registrado que os complementos acordados serão revistos anualmente de acordo com o aumento acordado e publicado sobre as tabelas salariais aplicáveis em cada momento no convênio coletivo da indústria têxtil e de confecção.

Por isso, para o comité “não há razão objetiva nem desculpa possível” para que a empresa não cumpra com o pactuado com a parte social em 2023, pelo que qualificam de “brincadeira de mau gosto sem precedentes e intolerável” esta situação. Além da concentração do dia 5, anunciam que nesse dia e no seguinte, serão realizadas assembleias com o pessoal para avaliar a proposta de convocação de paralisações parciais que começariam já na semana do Black Friday.

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