Do sono ao propósito
Voltar à Universidade da Corunha é, para mim, um propósito cumprido. O verdadeiro sucesso será que este regresso sirva para que mais pessoas aprendam a olhar a realidade económica com rigor, senso prático, responsabilidade e paixão.

Aos que me ensinaram a aprender e aos que hoje tenho o privilégio de acompanhar nesse caminho.
De aluno a professor na Universidade da Corunha: voltar para continuar aprendendo. Voltar à universidade onde me formei não é apenas fechar um círculo. É abrir um propósito. A partir de hoje, integro-me como professor na Universidade da Corunha, na área de Fundamentos da Análise Económica, na mesma faculdade onde fiz minha licenciatura. Este passo dá novo sentido ao trajeto percorrido fora do campus: empresas, projetos, acertos, fracassos e muitas horas de aprendizado prático que agora encontram destino na sala de aula.
Por que volto
A universidade é uma ponte entre o saber e o fazer. Meu objetivo é contribuir para reforçá-la a partir de três convicções simples:
- A docência é ferramenta, não dogma. Não se trata de repetir fórmulas, mas de oferecer quadros, perguntas e método para que cada estudante construa seu critério.
- A praxis importa. A teoria ganha vida quando explica um caso real, quando ajuda a decidir e quando mede consequências.
- Aprender é um processo compartilhado. Ensinar é acompanhar, escutar e facilitar. A curiosidade é a matéria-prima; a humildade, o catalisador.
O que levarei à sala de aula
- Casos reais de economia aplicada: decisões de investimento, tecnologia nos negócios, análise de riscos, métricas de desempenho, financiamento e avaliação de projetos.
- Metodologias ativas: o talento no centro, resolução de problemas abertos, simulações, revisão por pares e pequenas “clínicas” de dados para contrastar hipóteses.
- Pontes com a empresa: convite a empresários, a profissionais, desafios breves com organizações e leitura crítica de relatórios para treinar critério económico.
- Ética e responsabilidade: implicações de cada decisão sobre pessoas, mercados e ambiente. O “como” importa tanto quanto o “quê”.
- Avaliação transparente: evidências de aprendizagem e feedback útil que permita melhorar.
“A giz já não mancha como antes, mas a curiosidade continua a deixar marcas”
Desafios e aprendizados na sala de aula
Embora o propósito e os métodos propostos nasçam da experiência, reconheço os desafios inerentes a levar a teoria à prática: limitações de tempo, diversidade de interesses entre alunos, resistência à mudança metodológica ou dificuldades para vincular suficientemente a universidade com a empresa.
Esses desafios são parte do processo e constituem oportunidades para aprender junto ao estudantado, para ajustar a abordagem e, sobretudo, para manter a docência em evolução contínua. Não pretendo ter respostas fechadas, mas buscar soluções coletivas perante obstáculos reais, porque ensinar e aprender nunca estão isentos de fricções e nuances.
O que espero de meus alunos
Três verbos simples: observar, perguntar, contrapor. Observar a realidade com dados e contexto. Perguntar para abrir ângulos e evitar atalhos. Contrapor para distinguir opinião de evidência. Se conseguirmos isso, a disciplina terá cumprido sua função: pensar melhor para decidir melhor.
Compromissos que assumo
- Rigor e clareza. Explicar conceitos complexos com linguagem simples e exemplos verificáveis.
- Atualização constante. Integrar tendências, relatórios e casos recentes que dêem relevância ao conteúdo.
- Acompanhamento. Tutorizar projetos e oferecer espaços de consulta com tempos e objetivos definidos.
- Coerência. Exigir o mesmo que exijo a mim: preparação, pontualidade, respeito pelo trabalho alheio.
O que me entusiasma desta etapa
Voltar como professor permite devolver parte do recebido. Também obriga a continuar aprendendo. Cada promoção traz visões novas, perguntas que incomodam o óbvio e energia para explorar caminhos que talvez a rotina teria deixado de lado. Essa é a melhor garantia de que a universidade continua viva.
Obrigado
A quem me abriu portas, me corrigiu quando necessário e me encorajou a tentar novamente quando algo não saiu bem. Aos meus professores de então, Sr. Jose, Sr. Castelhano, Sr. Felix Doldan Tie, Sr. Xoaquín Álvarez Corbacho… Aos meus colegas de agora e às pessoas com quem trabalho fora da universidade. Tudo soma quando é partilhado. Hoje começo a devolver, a partir da experiência, uma parte do muito recebido.
Convite
Se és estudante, aproxima-te com perguntas. Se és graduado ou fazes parte de uma empresa, propõe um caso ou um desafio. Se compartilhas interesse por construir pontes entre universidade e empresa, falemos. A comunidade fortalece-se quando cada peça encontra seu lugar.
Voltar à Universidade da Corunha é, para mim, um propósito cumprido. O verdadeiro logro será que este regresso sirva para que mais pessoas aprendam a olhar a realidade económica com rigor, sentido prático, responsabilidade e paixão. Este é o trabalho que começa hoje.
“Se acreditas e perseveras, crias”. Guillermo Taboada