A UCO volta à carga com Pardo de Vera e pede à Audiência Nacional que investigue seu patrimônio

A Guarda Civil quer investigar se a ex-presidenta do Adif e Javier Herrero, ex-diretor geral de Estradas, receberam contrapartidas pelo seu papel de "facilitadores" na manipulação de contratos públicos do 'caso Koldo'

O relatório da UCO sobre o caso Koldo que veio à tona este ano e que resultou na renúncia do ex-secretário de Organização do PSOE, Santos Cerdán, atribuiu à galega Isabel Pardo de Vera um papel de “facilitadora” no arranjo de contratos públicos. A investigação da unidade da Guarda Civil, de fato, indicava sinais de que a ex-presidente da Adif tinha colaborado na manipulação de processos de contratação no valor de mais de 340 milhões.

Entre eles estavam o projeto de construção do soterramento da rede arterial ferroviária da cidade de Murcia por um valor de 158,8 milhões; a execução de obras do projeto de construção da plataforma do corredor mediterrâneo de alta velocidade Murcia-Almería no trecho Pulpí-Vera, por um valor de 121,2 milhões; ou as obras de execução do projeto de construção da integração do ferroviário em Sant Feliu de Llobregat (Barcelona), por um valor inicial de 51,7 milhões. A UCO detectou indícios de uma possível colaboração de Pardo de Vera com Koldo García para favorecer a Acciona.

Agora, os investigadores querem averiguar se a engenheira de Lugo recebeu em troca algum tipo de contraprestação. Por isso, pediram ao juiz que instrui o caso na Audiência Nacional permissão para investigar o patrimônio de Pardo de Vera e também do ex-diretor geral de Estradas, Javier Herrero, que, segundo a UCO, desempenhou um papel semelhante na trama. Ambos estão indiciados.

Estudo econômico e tributário

Num despacho que revela Europa Press, a UCO transmite este pedido ao juiz Ismael Moreno. “Sendo Pardo de Vera e Herrero facilitadores de assistência para as adjudicações bem-sucedidas projetadas, cada um dentro de seu âmbito de responsabilidade, seria imprescindível para o bom fim da investigação, saber se poderiam também ter sido receptores de qualquer tipo de contraprestação, de qualquer natureza”, diz o documento.

A ação ocorre porque os fatos investigados na causa, que também são instruídos em paralelo pelo Tribunal Supremo devido ao foro privilegiado do ex-ministro José Luis Ábalos, “revelaram” que tanto o atual deputado do Grupo Misto quanto seu ex-assessor Koldo García “teriam recebido supostas contraprestações econômicas por seu trabalho em benefício das construtoras”.

A UCO indica que está na fase de análise das informações obtidas nos registros realizados em junho nas residências dos dois investigados e em pedidos ao Ministério dos Transportes e Adif. “E com a premissa de continuar esclarecendo os fatos investigados, torna-se necessária a realização de um estudo econômico/tributário dos dois investigados, que deve ser contextualizado com a análise da documentação obtida nos últimos registros”, afirmam.

Uma dúzia de bancos

Para isso, solicita ao juiz instrutor que, caso considere adequado, emita mandados judiciais a uma dúzia de bancos para que lhe enviem informações sobre quatro contas de Pardo de Vera e trinta de Herrero, nas quais “constam ou constaram como titulares, autorizados e/ou representantes”. A UCO solicita que sejam excluídas as contas bancárias relacionadas ao Adif como entidade pública ou entidades relacionadas, assim como uma conta da comunidade de proprietários “Villa Coral”, ligada a Herrero e que, na sua opinião, “carece de interesse para a investigação”.

Do ex-diretor de Estradas menciona que consta como autorizado nas contas da sociedade Polis Project, S.R.L.U, “dedicada aos serviços técnicos de engenharia e outras atividades relacionadas com o assessoramento técnico”, e como titular real da empresa Palta Naturae S.L, “dedicada ao cultivo de frutos tropicais e subtropicais”.

Também solicita que seja emitido um mandado à Agência Tributária para que forneça um relatório sobre ambos “para o período de 2017 a 2024” que contenha as contas bancárias em que figuram, movimentos de dinheiro, bens imóveis tanto na Espanha quanto no exterior, relações societárias, declarações fiscais, doações ou se possuem caixas de segurança alugadas.

Pardo de Vera se desvinculou da trama

Quando declararam no passado 21 de julho perante o juiz da Audiência Nacional, tanto Pardo de Vera quanto Herrero se desvincularam dos supostos arranjos de obra. A ex-presidente do Adif e ex-secretária de Estado dos Transportes declarou que nenhuma mensagem do ex-assessor de Ábalos teve efeito nas adjudicações da entidade pública ferroviária e que todas as garantias foram cumpridas. Por sua vez, o ex-chefe de Estradas garantiu que o ex-assessor lhe perguntava com o objetivo de manter informado o ministro e negou que García pudesse influenciar nas adjudicações.

O juiz registra o pedido da UCO em uma providência, com a qual solicita à Fiscalia que se pronuncie sobre as diligências pedidas em vista a tomar uma decisão.

Comenta el artículo
Avatar

Historias como esta, en su bandeja de entrada cada mañana.

O apúntese a nuestro  canal de Whatsapp

Deixe um comentário