A Alcoa entra no negócio das terras raras com o apoio dos EUA e Austrália: extrairá gálio de uma refinaria
A proprietária da planta de San Cibrao disparou na bolsa após o anúncio dos governos norte-americano e australiano de um investimento de 2.000 milhões para avançar na obtenção de minerais críticos, destacando o seu projeto numa planta de alumina

Alcoa disparou-se esta segunda-feira mais de 8% na bolsa depois de os governos dos Estados Unidos e da Austrália abençoarem o projeto de gálio que está em andamento numa refinaria de alumina australiana com a colaboração da empresa japonesa Sojitz. Com esta operação, os proprietários do complexo de San Cibrao entram definitivamente no negócio das terras raras.
Esta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, assinaram um acordo “histórico” para a implementação de um quadro bilateral sobre minerais críticos e terras raras a fim de fomentar “uma cadeia de fornecimento segura” para as indústrias comercial e de defesa de ambos os países e contrariar o peso da China.
Segundo o acordo, cada país investirá pelo menos 1.000 milhões de dólares, cerca de 860 milhões de euros ao câmbio atual, para ajudar no desenvolvimento de projetos de minerais críticos tanto nos Estados Unidos como na Austrália. Entre eles, os executivos destacaram que apoiarão economicamente o denominado Projeto de Recuperação de Gálio, que Alcoa desenvolve na sua refinaria de alumina de Wagerup, na Austrália Ocidental, em parceria com a Sojitz.
Projeto de Alcoa com três países
Alcoa informou durante a noite passada, hora espanhola, que o compromisso dos governos americano e australiano será crucial para desenvolver um projeto pelo qual espera produzir 100 toneladas métricas de gálio por ano. Na realidade, o projeto de gálio também envolve o Japão.
No último agosto, Alcoa já chegou a um acordo para realizar uma joint venture com a Japan Australia Gallium Associates, veículo este último que tem participações tanto do governo japonês como da Sojitz Corporation. Esta empresa é uma conhecida do mercado da Galiza, pois até 2023 controlou uma participação de 15% no capital da Reganosa.
Uma vez finalizados os estudos de viabilidade do projeto, Alcoa prevê a criação de uma sociedade instrumental com a participação da empresa japonesa, os governos dos Estados Unidos, da Austrália e a própria companhia alumineira.
A ideia é que os Estados Unidos e a Austrália contribuam com capital para a sociedade conjunta e depois “recebam a compra de gálio de forma proporcional aos seus interesses”. “Entre outros fins, o capital seria utilizado para a preparação dos estudos finais de viabilidade e o desenvolvimento e construção do projeto. Os acordos definitivos para a empresa conjunta de gálio serão elaborados entre os governos dos Estados Unidos, Austrália e Japão, e Alcoa e Sojitz”, explica o grupo sediado em Pittsburgh. A decisão final do investimento será tomada no próximo ano.
Gálio a partir da bauxita
No entanto, como extrairá Alcoa o gálio? Segundo explica a empresa, este “está presente de forma natural na bauxita, a matéria-prima utilizada na produção de alumina e pode ser extraído durante o processo de refinação”.
“O gálio é um mineral essencial para a tecnologia, especialmente para a indústria de semicondutores e os setores de defesa, e os Estados Unidos, Austrália e Japão reconhecem-no como vital para a segurança nacional. A nível mundial, a produção de gálio concentra-se numa única fonte, e os controles do mercado têm aumentado o interesse em estabelecer e assegurar cadeias de fornecimento alternativas”, expõe.
Resta saber se um projeto deste tipo também seria viável na planta de alumina que a companhia possui em San Cibrao.