Eurobattery prevê que a mina de tungstênio de A Gudiña será rentável em um ano
A companhia sueca prevê que o jazigo de tungstênio de San Juan, que possui reservas de um milhão de toneladas, comece a gerar um fluxo de caixa positivo a partir do segundo semestre de 2026
A mineradora sueca Eurobattery Minerals inicia os trabalhos para extrair tungstênio em A Gudiña
Eurobattery Minerals aproxima-se ao seu “momento transformador”. A mineradora sueca que promove a abertura do jazigo de volfrâmio de San Juan (A Gudiña) vislumbra o seu salto do mundo da exploração para o da explotação de um recurso natural para indústrias como a automotiva (carro elétrico) ou a defesa.
A empresa liderada pelo espanhol Roberto García Martínez enviou ao regulador bolsista os seus resultados correspondentes ao terceiro trimestre. Neles, relata prejuízos no valor de 15,73 milhões de coroas suecas (cerca de 1,43 milhões de euros pela taxa de câmbio atual) frente a uma seca de receitas da qual sairá uma vez que entrem em operação os seus projetos de A Gudiña ou de Hautalampi (Finlândia).
“O terceiro trimestre de 2025 caracterizou-se por um progresso tangível e uma expansão estratégica. Com o acordo para adquirir uma participação majoritária na mina de volfrâmio de San Juan, demos um passo significativo rumo à diversificação do nosso portfólio de minerais e ao fortalecimento da nossa presença na Espanha. Agora entramos numa nova fase no desenvolvimento da nossa companhia: passamos de ser apenas uma empresa de exploração para nos tornarmos numa empresa de exploração e extração”, destaca Roberto García na citada apresentação.
Seguindo os passos de Beariz
Neste roteiro desempenha um papel chave a mina de San Juan. A companhia já anunciou no mês passado que apresentará o seu projeto em A Gudiña à segunda onda de projetos estratégicos da Comissão Europeia para a obtenção de matérias-primas críticas. Trata-se de um programa que pretende reforçar a autonomia do espaço perante possíveis rupturas na cadeia de fornecimento e que na sua primeira entrega já declarou estratégicas um total de seis minas em Espanha, das quais uma (a de Beariz, de lítio e volfrâmio) está situada em solo galego.
Eurobattery submeterá este pedido tanto para a sua mina de volfrâmio A Gudiña quanto para a de Outokumpu a leste de Finlândia, que se centrará na extração de cobalto e níquel. “Ambos os projetos são avançados, estrategicamente localizados e alinhados com os objetivos de sustentabilidade e autonomia da UE, reforçando a posição de Eurobattery Minerals como contribuinte chave para a transição para a sustentabilidade na Europa”, justificava a empresa.
O roteiro da Eurobattery
Com este cenário como pano de fundo, Eurobattery Minerals já esboça qual será o seu cenário em A Gudiña nos próximos meses. Após adquirir a maioria acionista (51%) do projeto, a companhia sueca prevê que este jazigo comece a ser rentável no final do próximo ano.
“Prevê-se que o projeto gere fluxo de caixa positivo no segundo semestre de 2026 e já conta com uma carta de intenções para um acordo de compra e venda com Wolfram Bergbau und Hütten AG, pertencente ao Grupo Sandvik. Com esse passo, a Eurobattery Minerals passa de ser uma empresa puramente exploratória para uma com um ativo gerador de receitas a curto prazo”, destaca a empresa, que valoriza o papel “vital” do volfrâmio para “a defesa e as indústrias de alta tecnologia”.
Eurobattery nomeou como diretor do seu projeto em A Gudiña a Agne Ahlenius, um veterano do setor mineiro espanhol após ter sido, entre outras coisas, o CEO da mina de volfrâmio de Barruecopardo (Salamanca). O executivo sueco será o encarregado de pilotar esta iniciativa para a qual Eurobattery Minerals já intensifica os seus trabalhos.
No passado mês de agosto começaram os trabalhos na mina a céu aberto pela mão de uma contratada local e deu-se início a uns testes que descartaram a existência de vestígios arqueológicos na zona. Em seguida, no dia 1 de setembro, enviou-se a primeira amostra extraída de A Gudiña para que já desde Madrid se realizassem testes metalúrgicos.
“Os resultados servirão de base para o design de’une plant piloto de processamento sob medida para San Juan”, destaca a firma, que aponta ao “quarto trimestre de 2025” como data para este marco.
Eurobattery aumenta suas expectativas
As expectativas de Eurobattery Minerals com a mina de A Gudiña deram um salto no passado mês de outubro. Foi então quando a empresa elevou suas estimativas de reservas até cerca de um milhão de toneladas de mineral, um número que multiplica por 16 as previsões anteriores, que apontavam para cerca de 60.000 toneladas.
A companhia calcula que o jazigo gerará um impacto económico de cerca de 500 milhões de euros e reivindica sua visão de que a “mineração pode e deve ser realizada de maneira responsável”. O CEO da empresa aposta em “fornecer minerais de origem responsável para a transição para a sustentabilidade na Europa”.