Juan Roig (Mercadona): “Aos portugueses não os tratamos como merecem”

O presidente da Mercadona, que continua com seu plano de expansão em solo luso, considera que “Espanha não olhou para Portugal de igual para igual”

“Aos portugueses não tratamos como merecem, Espanha não tem olhado para Portugal de igual para igual”. São palavras de Juan Roig, presidente da Mercadona durante a sua participação no Congresso da Associação de Fabricantes e Distribuidores (Aecoc) celebrado em Valência, no Roig Arena.

O empresário detalhou alguns dos objetivos prioritários do gigante da distribuição, entre os quais está continuar a expansão da Mercadona em Portugal, além de crescer na sua secção de ‘Pronto para comer’, de comida já cozinhada. “Agora há muito mais tecnologia para que ‘O Chefe’ – como na Mercadona chamam ao cliente – não cozinhe em casa. Se as nossas bisavós tivessem tido a tecnologia que hoje temos, também não teriam cozinhado”, explicou. Também mencionou as intenções da empresa de continuar com o seu modelo de ‘Qualidade Total’ e de relação com os seus 2.000 fornecedores.

Roig reivindicou a força da Aecoc: “Não há nenhuma associação de fabricantes e distribuidores melhor no mundo do que esta. Lá fora competimos, mas aqui geramos muitas sinergias”.

O presidente da Mercadona recordou alguns dos acordos fechados entre os grandes do setor que integram a associação, como a própria empresa, El Corte Inglés, Carrefour e Dia, entre outros. Alguns marcos que destacou são o palete de 80×120, -“unificamos quando inicialmente brigávamos”-, o código de barras e a sua evolução ou o EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados). Além disso, reivindicou que a Aecoc é economicamente sustentável; tem “60 milhões no banco” e sem subsídios.

A ‘missão’ da Mercadona

Roig apontou como exemplo do que tenta fazer a Mercadona alguns casos de produtos que cobriram necessidades dos clientes. Um deles é a caneta: “serve para escrever. Este é o meu símbolo, a caneta BIC (disse enquanto a tirava do bolso do blazer). Também há outros que servem para mostrar que são ricos”. Outro exemplo é o do criador do Chupa Chups, que “viu uma necessidade que ninguém tinha visto e é uma invenção 100% espanhola”.

Também fez menção à “missão da empresa”. “Quando eu estudava diziam que era maximizar lucros, eu acredito que uma empresa tem que satisfazer o trabalhador, o capital, o cliente, o fornecedor e a sociedade. Nós temos a nossa peculiaridade. Há vezes que nos damos encontrões porque vamos contra a corrente, mas outras acertamos. A missão da Mercadona como empresa é primeiro o cliente, ‘O Chefe’, segundo o trabalhador, terceiro o fornecedor, quarto a sociedade e quinto o capital”.

Neste sentido, Roig explicou a importância que tem para a companhia ‘O Chefe’, que é quem tem “o poder sobre a vida ou a morte de uma empresa”. “É o nosso farol. O chefe quer que enchamos a sua barriga, essa é a missão da Mercadona. Além disso, quer segurança alimentar, qualidade, serviço, variedade e preço. Nós não queremos que o cliente escolha o produto que pegar, mas sim que acerte. Isso se faz com uma grande qualidade e com uma variedade muito eficaz. Não se trata de ter todos os produtos que há no mercado. Para conseguir isso precisamos de inter-fornecedores e têm que ser de confiança”.

Fez também uma menção especial aos trabalhadores da companhia que “têm que ser muito bem cuidados”. “Têm que estar satisfeitos e comprometidos com a empresa. Damos valor em troca do compromisso. As mãos podem ser compradas com dinheiro, mas o coração e o cérebro conseguem-se tendo-os satisfeitos”. Neste ponto, indicou que um gestor A, que “é 90% da empresa”, ganha 2.100 euros líquidos por mês.

“A guerra está na qualidade”

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