Luxemburgo, primeiro destino do investimento galego no exterior após a aposta imobiliária de Amancio Ortega
No ano passado, Galiza foi a comunidade de toda a Espanha que mais investiu no território europeu: 2.512 milhões de euros, quase todos destinados a atividades imobiliárias que foram realizadas desde A Corunha

Luxemburgo emerge como principal destino de la investimento galego no exterior. Foi no ano passado, quando concentrou mais de 77% dos fundos destinados pelo empresariado galego a operações no estrangeiro. Em concreto, a comunidade galega investiu 3.234 milhões de euros, dos quais 2.512 milhões foram para o mencionado país.
Assim pelo menos se depreende das informações consultadas por Economia Digital Galiza no portal da Secretaria de Estado de Comércio que analisa o investimento espanhol no exterior. O departamento dependente do Ministério da Economia e Comércio especifica também que a quase totalidade do investimento galego em Luxemburgo no ano passado foi relacionada com operações imobiliárias e ocorreu desde a província de A Coruña.
O citado portal de investimentos espanhóis não especifica o destino final dos investimentos nem quem os realiza. O que é um fato conhecido é que, pelo menos no terreno imobiliário, as operações de Pontegadea, a family office de Amancio Ortega, determinam grande parte dos fluxos de investimento que se realizam desde Galiza. E, precisamente, um fato que poderia estar relacionado com o aumento de investimentos em Luxemburgo é que, já no exercício passado, o grupo gerido por Roberto Cibeira iniciou uma operativa para transferir para o país europeu a gestão de grande parte de seus ativos imobiliários.
A operação de Pontegadea em Luxemburgo
Como publicado anteriormente por este meio, no exercício passado o grupo corunhês decidiu centralizar a gestão de grande parte dos ativos imobiliários de Pontegadea Investimentos, uma das suas grandes sociedades holding, em Luxemburgo, onde também realizou compras nos últimos exercícios.
Fontes próximas à companhia indicaram então que se tratava de uma operação para agilizar sua estrutura, devido a que muitos dos imóveis e centros logísticos que adquire na Europa têm por trás sociedades que os vendedores têm domiciliadas neste, por outro lado, tradicional território offshore. Essas mesmas vozes insistiram que o movimento não buscava acolher-se aos benefícios fiscais do país, como a isenção de impostos sobre dividendos, já que Pontegadea não realiza repartos ao acionista, ao ter um mandato de reinvestimento.
Desde Pontegadea decidiu-se que Luxemburgo se tornaria a cabeça da atividade imobiliária realizada em toda a Europa, com exceção de Espanha, Portugal e Reino Unido, além de grande parte da desenvolvida nos Estados Unidos, seu primeiro mercado em termos de ativos e rendas, e Canadá.
Toda essa operativa resultou no crescimento dos números da filial Pontegadea Luxemburgo e sociedades dependentes que finalizou o exercício 2024 com um resultado de exploração de 148 milhões de euros e um lucro de 63 milhões. Seu valor em livros disparou até os 6.873 milhões.
A comunidade que mais investiu de toda a Espanha
De qualquer forma, o fato de muitos dos ativos adquiridos pela patrimonial de Amancio Ortega estarem sustentados sob sociedades que estavam domiciliadas em Luxemburgo poderia ser chave para compreender o aumento de investimentos de Galiza, e em concreto da província de A Coruña, no território.
O incremento de investimento galego no ano passado em Luxemburgo foi notório já que de não realizar-se nenhuma operação entre a comunidade e o país em 2022, passou-se a um investimento de 289,5 milhões em 2023 e aos mais de 2.500 milhões do último exercício, sempre de acordo com os dados do departamento dependente do Ministério da Economia, Comércio e Empresa.
O total de investimentos de Espanha em Luxemburgo no último exercício foi de 3.698 milhões. Galiza foi a comunidade que mais investiu, com esses 2.512 milhões, seguida de Madri com 698 milhões, Astúrias, com 235 milhões e Murcia, com 117 milhões.
Portugal, segundo destino inversor
No último exercício, o segundo grande destino inversor galego no estrangeiro esteve em Portugal, onde foram dirigidos 329,5 milhões de euros, frente ao investimento de 7,8 milhões de euros que se firmou em 2023. O acentuado aumento está diretamente relacionado com a compra da financeira Eurobic por parte de Abanca, a herdeira das caixas galegas.
Em novembro de 2023, os de Juan Carlos Escotet acordaram a compra de 100% do capital de Eurobic com seus acionistas, aunque a operação estava sujeita à autorização das autoridades competentes e não se fechou até julho do ano passado.
Ainda que no momento do anúncio do acordo não se revelou o montante de pagamento, nas contas correspondentes ao terceiro trimestre fiscal do ano passado, a entidade com base de operações em A Coruña indicou que a contrapartida entregue foi de 327,2 milhões.
Enquanto Luxemburgo ganha peso como destino inversor galego, Estados Unidos o perde. No último exercício o investimento desde Galiza no país voltou a cair. Rompeu seu teto em 2022, quando o empresariado galego investiu no país 1.259 milhões de euros, para passar a 561 milhões em 2023 e, posteriormente a 136,4 milhões.