Navantia, longe dos líderes europeus da defesa: Leonardo (Itália) e Thales (França) faturam 10 vezes mais

O Stockholm International Peace Research Institute coloca a Navantia como a única representante espanhola no top 100 mundial do setor de defesa, ocupando a posição número 88

Ricardo Domínguez, presidente da Navantia

O Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo descreve o cenário da indústria de defesa na Europa. A instituição elaborou um ranking detalhando quais são as 100 empresas do setor com maior faturamento no mundo e revela que apenas um quarto delas (26) têm sua sede em solo europeu.

As americanas Lockheed Martin, RTX e Northrop Grumman lideram essa tabela com volumes de negócios que variam entre os 55.670 milhões de euros da primeira e os 32.600 milhões da última. Para encontrar a primeira e única representante espanhola no ranking, que é Navantia, deve-se descer até a posição número 88.

Os números da Navantia

A companhia liderada por Ricardo Domínguez retrocedeu três lugares em relação aos dados do ranking que o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo elaborou no ano anterior. Isso apesar de seu faturamento ter aumentado 6,6% e passado de 1.434 para 1.528 milhões de euros.

Esse aumento em seu volume de negócios não foi suficiente nem para que Navantia escalasse posições neste top 100 da indústria nem para que atenuasse seus números vermelhos que se elevaram de 121,9 para 197 milhões de euros.

O Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo calcula que o negócio militar sustenta 77% do faturamento da Navantia. Os 23% restantes correspondem, principalmente, a trabalhos de reparação de navios civis (petroleiros, por exemplo) e à construção de estruturas (jackets) para parques eólicos marinhos, uma divisão na qual o estaleiro de Fene se especializou.

Dessa forma, Navantia situa-se como a décima quinta maior empresa do setor na União Europeia (ficam fora da equação suas competidoras britânicas ou ucranianas) e com terra de por meio em relação a empresas como a italiana Leonardo ou as francesas Airbus e Thales. A primeira elevou os rendimentos de seu negócio armamentista em 10,1% em 2024, alcançando 11.913 milhões de euros.

Os líderes europeus

Trata-se de uma quantia que multiplica quase por 11 os 1.094 milhões de euros que Navantia obteve através desta vertente de seu negócio. Leonardo ocupa o posto número 12 deste ranking e também supera, embora com menos folga, a Airbus, que anotou uma receita próxima a 11.520 milhões de euros com um negócio militar que cresceu 1,2% em 2024 e que só representa 18% de seu volume de negócios total.

Ligeiramente acima da barreira dos 10.000 milhões de euros está também Thales (10.165 milhões), que fecha o top 15 deste ranking de empresas que se perfilam como as principais beneficiadas pelos planos de rearmação que a União Europeia maneja na escalada de tensão com a Rússia.

Os contratos para Navantia

Navantia, por sua vez, vislumbra no seu horizonte mais próximo um total de três macrocontratos avaliados em quase 10.000 milhões de euros. E isso porque, além de futuros pedidos derivados pela situação geopolítica da Europa, a empresa pública revelava em sua última memória anual que contava com uma carteira de pedidos avaliada em 8.164 milhões de euros.

A construção das cinco fragatas F-110 em Ferrol (4.325 milhões de euros) e os três navios de apoio para a Royal Navy britânica (quase 2.000 milhões repartidos entre Navantia e sua sócia britânica BMT) emergiam como os principais pedidos, mas agora deve-se adicionar um novo. E é que a estes soma-se os 3.200 milhões que a empresa presidida por Ricardo Domínguez receberá como parte do plano de modernização de cinco fragatas F-100 com o qual o Ministério da Defesa espera prolongar sua vida até o ano de 2045 (foram construídas no início deste século).

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