Savannah Resources eleva suas expectativas para a mina de lítio a 25 quilômetros da Galícia
A companhia britânica revela o resultado dos últimos testes realizados no projeto do município português de Boticas que confirma "os altos níveis de lítio" nos principais depósitos do jazigo.

Savannah Resources, a empresa britânica detentora da concessão para explorar a mina de lítio localizada na fronteira entre Portugal e Galiza, vê reforçada a viabilidade do projeto, situado em Cova do Barroso no município português de Boticas, cerca de 25 quilômetros da fronteira com a Galiza. As expectativas da empresa aumentam após concluir uma nova série de testes que vieram a confirmar altos e consistentes níveis de lítio nos principais depósitos da jazida.
Conforme explicado pela empresa em um comunicado, “aproximadamente 66% do mineral e do óxido de lítio contidos são classificados nas categorias superiores, de acordo com os padrões do Comitê de Reservas Minerais (JORC).”
Com base nos testes realizados, Savannah Resources espera uma melhoria e expansão dos recursos atuais do projeto, de cerca de 28 milhões de toneladas, “com uma concentração média de 1,05% de óxido de lítio”.
Dale Ferguson, diretor técnico da empresa, destacou que estão “particularmente encorajados” pelos últimos resultados que “continuam confirmando a qualidade e consistência da mineralização de lítio em todos os depósitos”.
Nesta nova avaliação, foram revisados 23 novos pontos – nove na área de Pinheiro, oito em Reservatório e seis em Grandão – que vêm a “reforçar” os resultados positivos da exploração. “Dentre os resultados mais recentes, destacam-se interseções de até 67 metros com teores máximos de 1,82% de óxido de lítio na jazida de Pinheiro”.
Mais de 200 milhões de investimento
Savannah Resources tem como sócia na mineração, a holandesa AMG, neste projeto para o qual se prevê um investimento próximo a 236 milhões de dólares, cerca de 204 milhões de euros na conversão atual.
Os planos da empresa incluem a exploração de quatro jazidas das quais esperam extrair 1,5 milhões de toneladas de minerais durante os 14 anos de vida útil estimada da mina. De acordo com os cálculos de Savannah, este projeto fornecerá o lítio necessário para meio milhão de baterias de veículos elétricos por ano.
A produção anual da mina é estimada em 191.000 toneladas de espodumena (mineral do qual se extrai o lítio) a 5,5% ao ano, e de um coproduto de feldspato e quartzo, que será destinado para uso na indústria cerâmica, uma vez que entre em operação, o que está previsto para 2027.
A empresa prevê publicar em setembro um relatório com as estimativas de recursos do projeto, que foi identificado como estratégico pela Comissão Europeia, no âmbito da Lei de Matérias-Primas Críticas.
As polêmicas do projeto
O projeto de Cova do Barroso esteve no epicentro da tempestade política que terminou com a saída de António Costa em novembro de 2023. Além disso, o projeto sofreu uma paralisação cautelar que durou três meses no início do último ano após a denúncia de três proprietários dos terrenos onde se situam, depois que o governo português havia autorizado um servidão administrativa por um ano. Com ela, permitia-se à companhia britânica acesso a terras privadas e comunitárias para realizar tarefas de prospecção.
Os proprietários recorreram ao Tribunal Administrativo e ao Procurador de Mirandela solicitando medidas cautelares que acabaram por ser levantadas quando a Justiça portuguesa estimou o recurso de apelação do governo que apelava ao caráter de interesse público da iniciativa.
No final de junho deste ano, a sede da empresa em Boticas foi alvo de um ato vandálico. Os autores então declararam à agência Lusa que eram “pessoas solidárias com a população residente na região de Barroso” e admitiram ter “entrado, na madrugada do dia 19, nas instalações da Savannah Resources, em Carreira da Lebre, Boticas” danificando os veículos dos trabalhadores e, em seguida, pintaram a fachada da sua sede de vermelho e escreveram a frase Não à mina.