Puente acusa a Ryanair de “chantagem e extorsão”: deixa os aeroportos pequenos “para ganhar mais”

O ministro dos Transportes considera uma "falácia" que o aumento previsto das taxas afete o negócio da companhia aérea irlandesa e acredita que busca abandonar aeroportos menores, como Santiago, mas continuar em Espanha

Resposta contundente do ministro dos Transportes, Óscar Puente, ante a decisão de Ryanair de reduzir consideravelmente sua operação em aeroportos pequenos e médios da rede de Aena na Espanha como resposta ao aumento das taxas projetadas para o próximo ano. O líder socialista qualificou a decisão de “chantagem” e “extorsão” e indicou, além disso, que a companhia irlandesa justifica sua decisão com “falácias”. Para o ministro, a verdadeira motivação é abandonar os aeroportos menores e transferir-se para outros mais rentáveis, mas sem deixar o país.

Esta quarta-feira, Ryanair anunciou sua intenção de fechar sua base em Santiago de Compostela e eliminar todos os seus voos para Vigo e para Tenerife Norte. Além disso, manterá fechadas as bases de Valladolid e Jerez e reduzirá sua capacidade em Astúrias, Santander, Zaragoza e Canárias este inverno.

O deputado do BNG, Néstor Rego, mostrou sua preocupação pelo efeito que a decisão da companhia poderá ter pelas conexões de aviões em Galiza, pelo que pediu ao ministro revisar a política de taxas do gestor aeroportuário tendo em conta que este registra superávit em seus resultados.

Taxas reguladas com o Governo de Rajoy

Na vez de réplica, Óscar Puente lembrou que foi o Governo de Mariano Rajoy quem regulou em 2014 a fixação das taxas aeroportuárias, uma legislação que o ministro defendeu para garantir a segurança dos usuários.

Puente explicou que após vários anos congeladas, as taxas subirão a partir do próximo ano 68 cêntimos por cada passageiro, uma quantia que considera assumível pela empresa. “Sustentar, como faz esta empresa, que deixa de operar em certos aeroportos porque não pode enfrentar esse aumento (…) pois é uma falácia bastante grosseira”, argumentou o ministro.

Em seguida, o titular de Transportes comentou que Ryanair não vai eliminar “uma única praça” na Espanha, mas que vai transferir sua oferta de aeroportos regionais, onde o ministro recordou que as taxas são as “mais baixas”, para outros mais rentáveis.

Busca mais rentabilidade

De fato, o ministro indicou que a empresa ampliou rotas de Madrid para destinos como Lapônia ou Madeira e está crescendo em aeroportos como o de Alicante, aeroportos que justamente são onde as taxas são “mais elevadas”.

Assim, destacou que o problema da empresa não são as taxas mas a rentabilidade. “O que acontece é que quer que a rentabilidade seja facilitada por nós prescindindo do nosso quadro regulatório, que é um quadro muito bom e muito razoável”, apontou.

Subvenções

Nesse sentido, Puente indicou que a decisão de Ryanair é uma estratégia “puramente empresarial” e “perfeitamente respeitável”, mas matizou que o que “não é aceitável” é que um Estado programe sua política aeroportuária em função dos interesses de uma empresa privada.

Sobre a saída da companhia aérea dos aeroportos regionais, Puente indicou que se alguma cidade quer oferecer subvenções a Ryanair para manter sua oferta como faz Porto em Portugal é “livre para fazê-lo”, mas assegurou que nem o Governo vai ajustar suas políticas nem Aena vai destinar parte de seu superávit aos benefícios da empresa.

Ademais, o ex-prefeito de Valladolid comentou que o que está fazendo agora a empresa já foi feito antes na França, Alemanha e Holanda. “É uma pena, eu gostaria de ter outro tipo de tratamento, de fato assim tentei desde o início, mas não foi possível”, comentou.

Considerando isso, Puente assegurou que Ryanair continuará operando na Espanha porque lhe interessa. Por último, lembrou que o diretor executivo da empresa, Michael O’Leary, vai embolsar um bônus de 100 milhões de euros. “Mal não lhe vai”, rematou.

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