Tarifas aduaneiras, mudanças na procura e normativa ambiental, os principais desafios do vinho galego

Uma trintena de especialistas, empresários, investigadores universitários, representantes de denominações de origem e funcionários participaram no encontro organizado pelo Fórum Económico da Galiza e Bodegas Terras Gauda, no qual se destacou o setor vitivinícola galego como um "caso de sucesso" no âmbito rural

O acesso aos mercados internacionais, condicionado pelas políticas tarifárias, as mudanças nos hábitos e preferências de consumo dos usuários ou a “cada vez mais exigente” legislação ambiental, são três dos principais desafios que enfrenta atualmente o setor vitivinícola galego. 

Pelo menos assim foi identificado pelos especialistas que participaram nesta sexta-feira no Foro Rural Terras Gauda em O Rosal, organizado pela Bodega Terras Gauda e o Fundo Económico de Galiza, onde também foi destacado o cambio climático e como os seus efeitos impactam diretamente no cultivo da videira.

O Foro Económico de Galiza destacou o setor vitivinícola galego como um “caso de sucesso” no âmbito rural. “Nos últimos 40 anos, desde a entrada da Espanha na União Europeia, experimentou uma profunda transformação: especializou-se em vinhos de gama média-alta, desenvolveu um sólido tecido industrial e alcançou uma alta capacidade exportadora”.

Embora o balanço por enquanto seja “claramente positivo”, o presente e o futuro do setor estão marcados por importantes desafios. O primeiro deles é a dificuldade para expandir para novos mercados internacionais, algo ao qual contribuem as políticas tarifárias. Além disso, deve-se adicionar a adaptação que o setor teve que fazer para responder as mudanças na demanda após a pandemia, marcada por um maior interesse pelos vinhos de baixa graduação, ou o cumprimento da legislação ambiental, que no Foro classificam como “cada vez mais exigente”.

Primeira edição

Trinta especialistas, empresários, investigadores universitários, representantes de denominações de origem e funcionários participaram das cinco sessões desta primeira edição do Foro Rural Terras Gauda, onde foram abordados os principais fatores que determinam a situação atual e as perspectivas dos vinhos galegos.

O evento foi inaugurado por Víctor Nogueira, presidente do Foro Económico Galego; Santiago Lago, diretor do Foro; e Antón Fonseca, CEO do Grupo Terras Gauda. Na sua intervenção, Nogueira indicou que o objetivo do Foro é “gerar um debate de qualidade e transferir conclusões e propostas para toda a sociedade”.

Por sua parte, Santiago Lago afirmou que o vinho “é a joia da coroa do mundo rural, um exemplo de como fazer as coisas, mas precisamos refletir sobre como assegurar que o setor continue gerando valor”. Antón Fonseca o qualificou como “um luxo poder reunir tantas mentes pensantes” ao mesmo tempo que destacou que o vinho na Galiza é “um motor”.

Principais conclusões 

A primeira das sessões centrou-se no declínio da produção de vinho e na queda do consumo, marcada pelas mudanças nos hábitos de consumo. Fernando González Laxe – um dos coordenadores do Foro junto a Edelmiro López e Alfonso Ribas – destacou a grande capacidade exportadora da Galiza como um dos principais elementos positivos. Por outro lado, Andrés Mazaira sublinhou os desafios que também representa o pequeno tamanho da maioria das adegas bem como a forte concorrência nos preços.

Sobre a situação e as perspectivas das cinco Denominações de Origem (DO) galegas falou-se na segunda das mesas, onde se reivindicou o seu papel chave na estruturação e dinamismo do setor. Ricardo Rivas Barros (AGACAL), Jorge Vila (Academia do Vinho da Galiza) e Ramón Huidobro Vega (C.R.D.O. Rías Baixas) analisaram a sua evolução.

Rivas apontou que «nenhum outro setor rural conseguiu avanços tão significativos como o vitivinícola», colocando a Galiza no terceiro lugar em volume de DO do Estado. Por sua parte, Huidobro destacou o trabalho do Conselho Regulador de Rías Baixas, a DE com maior estrutura empresarial da Galiza e com maior peso econômico.

A terceira sessão centrou-se na gestão do território e na prevenção do abandono. Numa mesa moderada por Edelmiro López Iglesias (USC) foi abordada a problemática do abandono de terras, especialmente relevante na DO Ribeiro.

Também participaram Andrés Rodríguez Gómez (Viña Costeira) e Carlos Díaz Redondo (AGADER), que coincidiram em destacar o papel do vinhedo não só na geração de rendimentos, mas também na gestão sustentável do território nas zonas rurais. Por exemplo, mencionaram o carácter de corta-fogos naturais dos vinhedos e a sua eficácia na prevenção de incêndios.

Sobre o cambio climático e a sustentabilidade ambiental debateu-se na quarta das mesas, moderada por Alfonso Ribas Álvarez (Fundação Juana de Vega), e na qual participaram José Ramón Lissarrague (UPM) e Isaac Rodríguez Pereiro (USC). Os especialistas recordaram os desafios derivados do cambio climático, além das novas vias para uma viticultura mais sustentável, com menos insumos químicos, um maior cuidado do solo e um posicionamento diferencial nos mercados.

Por último, analisou-se a evolução recente e o potencial do enoturismo como fonte adicional de emprego e rendimentos para as adegas e para as regiões vitivinícolas galegas no seu conjunto, numa sessão moderada por Carla Reyes, na qual participaram Lorena Varela (Rota do Vinho Rías Baixas) e Iván Gómez.

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