A escalada do preço do lítio, do tungstênio e do coltan dá ar às minas de Doade, A Gudiña e A Penouta
O aumento da demanda destes minerais chave para a transição energética reforça os projetos mineiros de Recursos Minerais de Galiza, Eurobattery e ETM
Projeto para a mina de lítio de Doade em Beariz (Ourense) / Samca
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Onda de projetos mineiros à vista em Galiza para aproveitar o potencial das chamadas terras raras. A aragonesa Samca, a sueca Eurobattery e a australiana Energy Transition Minerals (ETM) preparam-se para articular investimentos milionários com o objetivo de iniciar três jazidas através das quais buscam obter dois minerais chave neste processo de transição energética: lítio, tungstênio e coltânio.
As três companhias lançam-se à captura destes recursos chave e fazem-no com vento a favor. Não em vão, tanto os preços do lítio como do tantálio (um dos dois elementos que se extraem do coltânio, junto ao nióbio) moveram-se para alto nos últimos meses, concedendo assim um plus de rentabilidade a estes projetos mineiros.
O ressurgir do lítio
Concretamente, o preço do concentrado de lítio disparou desde o entorno dos 75.000 yuans a tonelada (cerca de 9.050 euros) que se registavam no começo do ano até os 94.500 yuans (aproximadamente 11.400 euros) atuais, segundo os dados do portal Trading Economics.
Trata-se de uma alta de 26% que permite compensar parte das recentes quedas que vinham ocorrendo nos últimos anos. E é que a cotação do concentrado de lítio tinha chegado a situar-se acima dos 70.000 euros a tonelada no final de 2022. No entanto, a sobreoferta de lítio, aliada a um aumento da demanda menor do que o esperado pelo lento avanço dos veículos elétricos, assenhou um golpe à cotação do qual ainda se está recuperando agora.
Estas últimas subidas no preço do lítio dão asas a projetos como o da Recursos Minerais de Galiza (subsidiária da Samca) em Doade. A firma contempla um investimento de 120 milhões de euros para explorar este jazida na qual, além disso, tem prevista a instalação de uma planta de tratamento.
Trata-se de um dos seis projetos que a Comissão Europeia definiu como “estratégicos” em Espanha no passado mês de março sob o Regulamento de Matérias Primas Críticas (CRMA) pela sua importância para o fornecimento deste mineral crítico. A subsidiária da Samca, que tem a Recursos da Galiza (a utility da Xunta) como sócia minoritária, pretende extrair 500.000 toneladas de mineral durante cada um dos 42 anos de vida útil. A planta de processamento refinará cerca de 93.000 toneladas anuais de concentrado de lítio e outros minerais associados.
Os planos da Eurobattery com o tungstênio
No caso de Eurobattery Minerals, seus planos em A Gudiña são reforçados pela escalada no preço do concentrado de wolframita, cujo preço acumulava uma valorização próxima de 90% nos nove primeiros meses do ano.
A cotação do tungstênio supõe um impulso para Eurobattery Minerals, que conseguiu uma extensão da sua licença mineira em San Juan por outros 30 anos (até 2055). A companhia liderada pelo espanhol Roberto García Martínez prevê que o início das operações tenha lugar na segunda metade de 2026. Além disso, apesar de que as estimativas iniciais apontavam para cerca de 60.000 toneladas de minério, uma revisão geológica posterior sugere que serão 960.000 toneladas de WO₃ as que podem sair desta exploração.
O coltânio volta à cena em A Penouta
A subida dos preços dos minerais chave na descarbonização também dá um impulso a Energy Transition Minerals (ETM), que pagou 5,2 milhões na licitação para se fazer com a mina de A Penouta no passado mês de julho após a liquidação da Strategic Minerals Spain como consequência da suspensão de atividades decretada pelo Tribunal Superior de Xustiza de Galiza (TSXG).
ETM assume que terá que reiniciar o processo para obter uma nova permissão de exploração e aponta a 2027 como data chave para iniciar seus trabalhos. «Provavelmente entre março e abril finalizaremos o processo de aquisição. No segundo trimestre de 2026 estaremos em atividade para a seção B e antes terá sido apresentada a documentação. Se conseguirmos a declaração de projeto industrial estratégico, a normativa marca um ano de transição até a licença. Precisamos de uma resolução favorável da declaração de impacto ambiental ordinária, a mais exigente, e se a conseguimos pretendemos que a meio de 2027 a mina esteja funcionando e a pleno rendimento«, apontava Jorge Gil, responsável da companhia em Espanha, em declarações a Economia Digital Galiza.
ETM encaminha a reabertura deste jazigo localizado em Viana do Bolo, que contém importantes reservas tanto de estanho quanto de nióbio e tantálio, dois elementos que se obtêm da tantalita e da columbita do coltânio.
Neste sentido, o tantálio com uma pureza de 99,95% instalou-se no entorno dos 410 dólares o quilograma e meios especializados localizam numa faixa de entre 20% e 25% sua subida no que vai de ano. O mineral tem sido objeto de um aumento da demanda como consequência de sua utilidade como condensadores para carros elétricos, assim como para sistemas eletrônicos de parques eólicos ou fotovoltaicos.
