A OPA da Greening avalia a EiDF em um quinto do que pediam Romero e Laurion há um ano

O pacto de sócios alcançado pelos dois maiores acionistas da EiDF em dezembro do ano passado dava luz verde à venda da companhia se chegasse uma oferta de pelo menos 400 milhões de euros; Greening avalia a empresa em 82 milhões com sua oferta pública de aquisição

EiDF volta a ser o centro das atenções no BME Growth. A empresa de origem galega foi a protagonista da maior queda do índice nesta segunda-feira, com uma redução de 9,9% na primeira jornada de cotação após a oferta pública de aquisição (opa) lançada pela granadina Greening.

A empresa liderada por Ignacio Salcedo abalou o mercado no último momento desta sexta-feira com o lançamento de uma oferta pública de aquisição que surpreendeu a própria EiDF. Num comunicado, os responsáveis por esta última afirmaram ter tomado conhecimento da proposta “através do site do BME Growth“. «É uma oferta não solicitada pela EiDF e sem nenhum conhecimento prévio sobre ela e sobre a intenção de formulá-la», adicionou EiDF, que avançava que seu conselho de administração «se reunirá em breve para analisá-la e tomar as decisões que considerem apropriadas para o interesse da sociedade e de seus acionistas».

Greening agora tem 15 dias naturais para obter o apoio tanto de seus próprios acionistas numa assembleia geral como de 40% dos direitos de voto de EiDF. A sua proposta consiste em oferecer duas ações ordinárias da companhia por cada sete de EiDF, um movimento que implica avaliar a firma fundada por Fernando Romero em cerca de 81,9 milhões de euros considerando os preços atuais.

De fato, as ações da Greening estão cotadas a 4,51 euros depois de registrar um aumento de 2% nesta segunda-feira, enquanto as de EiDF recuaram dos 1,62 euros que marcavam ao final do dia de sexta-feira para os atuais 1,46 euros.

O pacto de sócios na EiDF

Os quase 82 milhões nos quais Greening avalia a EiDF representam, dessa maneira, apenas uma quinta parte do que a empresa de origem galega esperava receber com sua venda há dois anos. E que EiDF tornou público em dezembro do ano passado o conteúdo do pacto de sócios firmado entre seus dois principais acionistas: Prosol Energía e Laurion Financial Enterprises.

A primeira, sociedade vinculada ao fundador da empresa, Fernando Romero, comprometia-se a conceder ao family office luxemburguês “um direito de arraste” pelo qual esta poderia obrigar a Prosol a vender “a totalidade das ações de EiDF das quais fosse titular”. Por esse acordo, Prosol também concedia a Laurion ou “o terceiro que este indicar” a “totalidade das ações de EiDF que Prosol fosse titular pelo mesmo preço que o da oferta vinculante, para o caso de que Prosol não vendesse suas ações após o exercício do direito de arraste”.

A condição para articular esse movimento era que a oferta se situasse acima dos 400 milhões de euros. Naquela época, EiDF capitalizava quase 260 milhões de euros, um número que triplica os 92,7 milhões que contabilizava ao fechar do dia de segunda-feira.

EiDF, que em seu dia chegou a liderar o ranking de empresas com maior valor em bolsa deste índice, foi relegada à décima terceira posição enquanto Greening se situou na nona posição (excluindo as socimis) graças aos 131,3 milhões de euros que apresenta.

Assim, Greening coloca a bola no telhado dos quatro principais nomes próprios de EiDF. Trata-se de Prosol Energía, Laurion Financial Enterprises, Mass Investments Ark 2021 e Memento Gestión. O primeiro tem como sócio único, segundo o Registro Mercantil, o fundador e ex-presidente de EiDF, Fernando Romero, e controla 17,5% dos direitos políticos e 36,4% dos económicos.

A segunda, por sua vez, gere 35,3% dos direitos políticos e 16,4% dos económicos. A entidade surgiu em EiDF em outubro de 2023, quando a companhia completava algumas semanas de seu retorno ao mercado após a suspensão de cotação pela CNMV que se manteve vigente entre abril e agosto.

Jordi Berini, presidente de Laurion, foi vice-presidente de EiDF até o verão passado, quando decidiu passar o bastão a Tiago Moreira, seu braço direito à frente do family office. Mass Investments Ark 2021 S.L., controlada por Alejandro Alorda, com 8,97%, e Memento Gestión S.L., propriedade de Julio Sergio Palmero Dutoit, são os outros dois principais acionistas de uma EiDF que agora se debate entre continuar sozinha ou, pelo contrário, aceitar essa opa.

Os planos de Greening com EiDF

A rota de Greening contempla uma ampliação de capital de 30 milhões de euros para financiar o plano conjunto de negócios e reforçar a situação patrimonial da empresa resultante. A empresa granadina calcula que a operação entre essas duas cotadas do setor de energias renováveis gerará sinergias no valor de seis milhões de euros anuais e que o grupo resultante contará com 250 megawatts já operativos em 2027.

Além disso, o lucro bruto de exploração (EBITDA) recorrente dessa sociedade rondará os 25 milhões de euros, de acordo com a documentação apresentada pela firma. “O objetivo que persegue o oferente com a oferta é alcançar a maior percentagem possível de participação na sociedade para promover posteriormente a integração de ambas as sociedades com o objetivo de consolidar seu posicionamento no setor de geração e comercialização de energia renovável”, destaca Greening.

A companhia aposta que 49% da firma resultante fique nas mãos dos atuais acionistas de Greening, frente aos 31% reservados para os de EiDF. Os 20% restantes corresponderiam a novos investidores.

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