Amancio Ortega disputa com os proprietários do Wallmart na lista de fortunas mundiais em pleno rebote da Inditex

O fundador da Inditex encontra-se atualmente no número 13 dos milionários mundiais, superado por Rob Walton, um dos herdeiros do império da cadeia americana de hipermercados, embora com Inditex novamente com o favor das grandes casas de análise

Amancio Ortega, numa imagem da EFE em Casas Novas, com a sede da Inditex em Arteixo ao fundo

Amancio Ortega, fundador da Inditex e primeira fortuna da Espanha, figurava em abril deste ano no posto número 9 do ranking de milionários mundiais da Forbes, que lhe estimava uma fortuna de 124.000 milhões de dólares, quase 106.000 milhões de euros à cotação atual. Atualmente, e segundo os dados do índice atualizado em tempo real, retrocedeu até o posto número 13. A prestigiosa publicação estima-lhe, no entanto, uma carteira mais volumosa. Em concreto, de quase 110.000 milhões de euros. Sua queda deve-se ao fato de que outros empresários cresceram mais do que ele, impulsionados pelo avanço de suas companhias na bolsa, especialmente as tecnológicas americanas, mas também cadeias de alimentação como o gigante Walmart, que cotiza a máximos.

Tradicionalmente, Ortega Gaona situava-se na lista Forbes de fortunas mundiais acima dos diferentes membros do império Walmart, mas há alguns dias foi superado por Rob Walton, o maior dos herdeiros de Sam Walton, de 82 anos. O veterano empresário assumiu a presidência da cadeia de espaços comerciais em 1992, após a morte do fundador, e manteve-se no cargo até 2015, quando foi substituído pelo seu genro, Greg Penner. O ano passado deixou o conselho de administração do grupo. Fora do âmbito comercial, é conhecido nos Estados Unidos pela operação milionária que realizou em 2022, pela qual se apoderou dos Denver Broncos da NFL por uns 4.700 milhões de dólares.

Segundo o índice atualizado em tempo real da Forbes possui uma fortuna avaliada em algo mais de 111.000 milhões de euros à cotação, situando-se como a fortuna mundial número 12 e ultrapassando ao pai de Marta Ortega.

A escalada do Walmart

Além disso, em diferentes momentos das jornadas de terça e quarta-feira, Amancio Ortega chegou a cair ao posto número 14 de fortunas mundiais, superado por outro membro da saga dos Walton, Jim. Com 77 anos, é o mais jovem dos irmãos e herdeiros do império. No seu caso, é presidente do grupo bancário familiar, Arvest Bank, que conta com ativos no valor de 27.000 milhões de dólares.

A seguir, no posto número 15 de grandes fortunas do mundo situa-se a sua irmã, Alice Walton.

A escalada na famosa lista dos veteranos irmãos deve-se ao espetacular ano em bolsa da Walmart e ao fato de que, entre todos, retêm cerca de 45% das ações da companhia. Amancio Ortega retém, ele só, através de distintas sociedades de Pontegadea, seu grupo investidor, quase um 60% do capital da Inditex. No entanto, a capitalização bolsista do Walmart ascende a uns impressionantes 730.000 milhões de euros à cotação.

O aumento da sua fortuna sustenta-se no incremento do valor das suas ações, que se revalorizaram mais de um 20% no que vai de ano e um 8% só na última semana. O apoio do mercado é dado, principalmente, porque o grupo conseguiu rentabilidade na sua divisão de comércio eletrónico, além do fato de anúncios como que amplia a sua colaboração com OpenIA e em breve permitirá aos seus clientes comprar produtos através de ChatGPT. Os analistas acreditam que a cotada fechará o exercício 2025 com uns ingressos consolidados de 708.000 milhões de euros, um 5% mais, e com um lucro líquido que irá para os 22.900 milhões de dólares, um 17% acima do resultado marcado em 2024.

Vento a favor para Inditex

Mas, mais além dos vaivéns da lista de fortunas mundiais, que não deixa de ser um reflexo do avance ou recuo das empresas pilotadas pelos seus fundadores ou acionistas, Amancio Ortega incrementa a avaliação da sua fortuna ao mesmo tempo que a Inditex se recupera no Ibex.

A multinacional têxtil com sede em Arteixo fechou a sessão esta quinta-feira com a ação a um preço de 48,05 euros e uma capitalização bolsista de 149.755 milhões de euros. Ainda está por baixo dos 49,64 euros aos que se trocava a ação a finais de 2024, mas um 18% por cima dos mínimos que chegou a marcar no exercício 2025.

Inditex mergulhou numa fase baixista em bolsa depois de que em março deste ano apresentasse uns resultados anuais que, apesar de marcarem máximos de lucros e vendas, como sempre, ralentizavam o ritmo de crescimento, algo que foi penalizado pelos investidores. Sua próxima grande cita com o mercado será o próximo 3 de dezembro, quando apresente os resultados correspondentes ao seu terceiro trimestre fiscal e, por enquanto, parece contar com o apoio dos analistas.

Confiança dos analistas

Os últimos informes emitidos asseguram que Inditex cotiza por baixo do seu valor. RBC, por exemplo, elevou o preço objetivo que lhe dá às suas ações dos 49 para os 52 euros, os mesmos que UBS, JP Morgan e Goldman Sachs enquanto que Bestinver chega aos 55,5 euros.

“A solidez da oferta de produtos de Inditex e sua capacidade para responder às tendências da moda deveriam conduzir a novos ganhos de quota de mercado LFL frente a independentes, grandes armazéns e especialistas mais débeis. Seu margem bruto poderia surpreender à alta no próximo ano. Após um período de investimentos extraordinários (capex), o fluxo de caixa livre (FCF) está reavivando. Com uma avaliação que agora parece moderada em comparação com um grupo de pares globais de alta qualidade, melhoramos a recomendação”, assinala RBC no seu último informe.

Os expertos acreditam que a multinacional não teria podido manter no terceiro trimestre o ritmo de incremento de vendas que se marcou nos primeiros compassos do período, que chegou ao 9%, mas ainda assim o consenso crê que finalizará por cima do 4%.

JP Morgan, por exemplo, crê que “as coleções têm-se mantido sólidas” ainda que advirta de que “os dados de setembro e outubro nos mercados europeus de moda têm-se debilitado em relação a agosto”. Prevê além disso que as vendas de novembro (já fechado o terceiro trimestre) poderiam marcar um avanço do 8% a tipo de câmbio constante se se contabiliza também o impacto do Black Friday. “Há poucos dados disponíveis sobre o mercado da moda para novembro, mas a chegada de um clima mais frio poderia proporcionar um impulso adicional durante o período de maior atividade”, aponta.

Inditex fechou o exercício 2024 com um avanço nas suas vendas netas de um 7,5%, até os 38.632 milhões de euros, e um repunte dos lucros de um 9%, que colocou suas ganâncias em 5.866 milhões. O consenso de mercado, segundo marketscreener, indica que a progressão será menor neste exercício, marcado pelo impacto dos tipos de câmbio e a desaceleração no consumo. Os analistas preveem que feche o exercício 2025 com umas vendas que rozarão os 40.000 milhões de euros, e uma faixa de incremento entre um 3 e um 3,5%, enquanto que o resultado líquido ficará em pouco mais de 6.000 milhões, anotando-se também um crescimento de um 3,7%.

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