Pablo Isla leva a sério o cinema: multiplica por 15 os rendimentos da sua produtora, que beiram os 5 milhões.

Pablo Isla dá um salto qualitativo com a produtora audiovisual que fundou após sua saída da Inditex. O futuro presidente da Nestlé levou a Fonte Films a números milionários dois anos após seu lançamento no outono de 2022 e coincidindo com a estreia de seus primeiros projetos, o documentário Mugaritz, junto a Movistar Plus; e a série La sombra de la tierra, com Atresmedia. A apresentação de ambas as iniciativas no final de 2024, a primeira premiada com o Culinary Zinema no Festival de San Sebastián, coroou o ano de maior atividade da produtora, muito acima dos dois primeiros anos.

Fonte Films alcançou uma cifra de negócios de 4,98 milhões no exercício, provenientes das receitas por prestação de serviço às produções em curso. Às duas mencionadas, agora somam-se as filmagens do longa-metragem Zeta, dirigido por Dani de la Torre; e da série El Centro, novamente com Movistar Plus. O volume de receitas alcançado representa multiplicar por 15 os 323.000 euros que a produtora faturou em 2023 e permite à empresa registrar os primeiros lucros de sua história. Fonte Films terminou o curso com um resultado de exploração de 394.000 euros e um ganho de 221.000 euros, frente aos mais de 600.000 euros em perdas do ano anterior.

10 milhões em ativos e quatro no banco

O descolamento da produtora também se percebe em outras magnitude. Os ativos, por exemplo, que passam de 1,5 milhão para 10,5 milhões, devido a um aumento da posição de liquidez até os 4,5 milhões e das existências até quase 5 milhões. Em 2023 tinha zero em existências e pouco mais de 120.000 euros no banco. A evolução também é perceptível no quadro de funcionários, que passou de oito para mais de 50. Consequentemente, os gastos com pessoal passaram de 649.000 euros para 3,4 milhões, cinco vezes mais. E finalmente se percebe na vida de Pablo Isla, que passou das apresentações de resultados da Inditex diante de analistas para o tapete vermelho de San Sebastián.

O executivo impulsionou Fonte Films como um projeto ligado à sua paixão pessoal pelo cinema e pelo setor audiovisual. Para colocá-lo em marcha, aliou-se à produtora Carla Pérez de Albéniz, vencedora de um Goya em 2020 por Mientras dure la guerra e à advogada María Jesús Román, sócia fundadora da MRG Abogados. O controle da produtora, no entanto, está nas mãos da Lalita Inversiones, o holding familiar do ex-presidente da Inditex.

Ao redor de Fonte Films, brotaram uma série de filiais ligadas aos diferentes projetos audiovisuais da equipe de Isla, como as sociedades Alfa y Zeta Films ou Amores Peligrosos Films.

Dívida de dois milhões

A eclosão da produtora não impede que seu balanço, consultado por este meio através da plataforma Insight View, mostre desequilíbrios. O principal é que mantém um patrimônio líquido negativo no valor de 710.000 euros. A dívida da empresa sobe para 2 milhões, a maior parte, 1,7 milhões, por empréstimos dentro do próprio grupo. Em suas contas anuais, Fonte Films assinala que ao contabilizar os empréstimos participativos como fundos próprios, estes passariam de cifras negativas para 965.000 euros positivos.