Inditex vale 70.000 milhões mais do que Nike e Dior em bolsa e Amancio Ortega está a um passo do ‘top 10’ da Forbes
O grupo de Marta Ortega mantém seu 'rally' na bolsa e, com uma capitalização de mais de 170.000 milhões, coloca-se como a sétima empresa mais valiosa da zona euro, sendo superada apenas no terreno da moda por gigantes do luxo como Hermes e LVMH
Inditex valorizou-se durante o mês de dezembro, com uma capitalização de mercado que aumentou em quase 20.000 milhões, alcançando os 170.000. Montagem: Pablo Ares Heres
Inditex virou a sua sorte na bolsa este dezembro, após a apresentação de resultados trimestrais nos quais lucros e vendas voltaram a aumentar ritmo, algo que devolveu a confiança a analistas e investidores. Os números e as perspectivas do gigante fizeram com que sua cotação aumentasse, chegando este mês a quebrar seu máximo histórico, ultrapassando os 174.000 milhões de capitalização. Apesar de nos dias passados os de Arteixo sofreram uma correção, o seu rally continua: atualmente posiciona-se como a sétima cotada com mais valor da zona euro e supera largamente, em cerca de 70.000 milhões, gigantes do setor como Fast Retailing, a matriz de Uniqlo, Nike ou Dior.
Como sempre, a boa estrela da Inditex na bolsa não só se vê no parque mas também no ranking da Forbes de grandes fortunas mundiais. Quanto mais vale a têxtil na bolsa, mais aumenta a estimativa da fortuna de Amancio Ortega, seu fundador e principal acionista com quase 60% do capital cotado.
A companhia fechou a sessão desta quarta-feira no Ibex com a ação sendo negociada a 54,8 euros, o que equivale a uma capitalização de mercado que roça os 170.800 milhões de euros. A escalada na bolsa também se traduziu na subida do pai de Marta Ortega no ranking Forbes de grandes fortunas mundiais atualizado em tempo real. O veterano empresário subiu para o posto número 11 –no final de novembro, antes da apresentação dos resultados trimestrais da Inditex, ocupava o número 13–. A prestigiada publicação estima uma fortuna de 142.900 milhões de dólares, 121.629 milhões de euros na conversão, e além disso coloca-o a um passo de entrar no top 10 de multimilionários. O décimo lugar é retido por Steve Ballmer, ex-diretor executivo da Microsoft, que dirigiu o gigante tecnológico entre 2000 e 2014, com um património de 145.500 milhões de dólares.
Virada em dezembro
A fortuna da Inditex na bolsa mudou no passado 3 de dezembro, após passar boa parte do ano numa racha baixista ao não convencer o mercado com seu ritmo de crescimento mais lento. A origem da mudança de tendência está na apresentação, na quarta-feira passada, dos seus resultados correspondentes aos primeiros nove meses do seu ano fiscal. Nesse período, a companhia presidida por Marta Ortega registrou um lucro líquido de 4.622 milhões de euros, com um avanço de 3,9%, enquanto que as vendas ascenderam 2,7%, até os 28.171 milhões de euros, um 6,2% a tipo de câmbio constante.
Mas as bênçãos do mercado vêm do seu renovado ímpeto no terceiro trimestre, de agosto a outubro, no seu caso. Nesse período, seu lucro líquido aumentou 9%, até os 1.831 milhões de euros, o nível mais alto conseguido até agora para um terceiro trimestre. As vendas subiram 4,9%, até os 9.814 milhões, com um crescimento que chegou a 8,4% a tipo de câmbio constante.
Além disso, a firma antecipou o bom comportamento do início do seu último trimestre fiscal, normalmente no qual se conseguem maiores rendimentos devido a peças de inverno de maior valor. Na documentação enviada à CNMV, a cotada indicou que as vendas em loja e online a tipo de câmbio constante entre 1 de novembro e 1 de dezembro de 2025, coincidindo com a campanha da Black Friday e o arranque do Natal, cresceram 10.6% com respeito ao mesmo período de 2024.
Com umas margens que seguem sendo as maiores do sector e tendo já digerido seu programa extraordinário de investimentos em centros logísticos (1.800 milhões em dois anos), os analistas acreditam que a Inditex está pronta para pisar novamente no acelerador em quanto a crescimento e, portanto, em quanto a distribuições de dividendos ao acionista. A foto fixa do Ibex indica que no 2 de dezembro, dia anterior à apresentação de resultados, fechou com a ação a pouco mais de 49 euros e com uma capitalização de 152.934 milhões. Ou seja, em duas semanas, a cotada levantou quase 18.000 milhões na bolsa. Além disso, as financeiras acreditam que ainda existe margem, já que nesta nova etapa, há avaliações que colocam seu preço objetivo em mais de 60 euros.
Sétimo maior valor da zona euro
Com este ímpeto, Inditex sobe também no ranking bolsista das empresas mais valiosas da zona euro. Atualmente, ocupa o posto número sete do Euro Stoxx 50, que é liderado pela holandesa Asml, gigante tecnológico do setor de semicondutores e equipamentos de litografia. Cotada na bolsa de Amsterdã, sua capitalização supera os 355.000 milhões de euros. Segue-se o gigante do luxo LVMH, que também fecha o ano com um impulso na bolsa e um valor que ronda os 320.000 milhões, e a alemã SAP, líder em software de gestão empresarial, avaliada em pouco mais de 254.000 milhões.
O quarto lugar é ocupado por outra companhia de luxo, Hèrmes, que até há poucas semanas era líder do setor do luxo. No entanto, a companhia voltou a ser superada por Louis Vuitton após a apresentação de uns resultados trimestrais, em outubro, abaixo das previsões do mercado. Sua capitalização ascende a 223.000 milhões de euros. À frente da Inditex também se situam, L’Oreal, que supera os 200.000 milhões e Siemens, com 197.700 milhões.
A multinacional com sede em Arteixo apresenta uma capitalização acima de gigantes como Allianz, Airbus, Essilor e as espanholas Banco Santander e Iberdrola.
De Dior a Nike
Para se ter uma ideia da envergadura da Inditex na bolsa, basta outro dado: os de Marta Ortega e Óscar García Maceiras descolam quase 70.000 milhões de euros de diferença a gigantes do setor como Dior (que não consta no Euro Stoxx por ser dependente da LVMH) ou a estrela da roupa desportiva, a americana Nike. A primeira apresenta uma capitalização que ronda os 105.000 milhões de euros enquanto que a segunda está nos 97.000 milhões de dólares. Ao contrário da Inditex, que agora cotiza 10% acima do fecho de 2024, as duas retrocederam este exercício. A francesa um 3,6% e a americana um 13%.
A matriz de Zara também supera em mais de 70.000 milhões de euros em valor bolsista uma das suas grandes concorrentes em moda acessível, Fast Retailing, a companhia japonesa dona de Uniqlo, que ronda os 95.000 milhões de euros na conversão.
Com seu preço atual na bolsa, os de Arteixo também escalaram posições entre as 100 companhões com maior capitalização do mundo, encontrando-se atualmente na posição número 82, abaixo da energética Shell e acima de Intuitive Surgical e Walt Dysney. Grande parte do ano estiveram fora deste exclusivo ranking.