Os milionários dividendos dos reis da cerveja: Mahou distribui quase o dobro que Estrella Galicia e Damm.

Elas não são cotadas em bolsa, mas as grandes empresas espanholas de cerveja são caracterizadas por distribuir, todos os anos, dividendos suculentos entre seus acionistas. No entanto, neste ranking particular, quem se destaca é Mahou San Miguel, que há quatro anos consecutivos distribui um pouco mais de 100 milhões de euros, praticamente o dobro do que distribui Hijos de Rivera, a corporação dona da Estrella Galicia e consideravelmente mais que Damm, líder em receitas e lucros mas com um portfólio mais amplo, que também inclui o segmento de restaurantes, cafés e outras bebidas, como o Cacaolat.

A empresa dona de marcas como Mahou, San Miguel, Alhambra ou Solán de Cabras chegou a dezembro do ano passado com um lucro líquido que aumentou 5,9%, chegando a 114,8 milhões de euros e uma faturação de 1.933,5 milhões, um recorde para o grupo, embora com um modesto avanço percentual de apenas 0,8%.

Mahou, a rainha do dividendo

De acordo com suas últimas contas consolidadas consultadas por Economía Digital Galicia por meio da plataforma analítica avançada Insight View, o conglomerado madrilenho indica que “como consequência da realização de projetos de eficiência e de uma economia de custos fixos” alcançou uma melhoria em suas margens, atingindo um resultado de exploração, próprio da atividade da empresa, de 133,2 milhões de euros, um aumento de 4%.

Durante o exercício de 2024, os acionistas aprovaram a distribuição de um dividendo a conta dos lucros do exercício no valor de 100,13 milhões de euros, a mesma quantia que foi acordada no ano anterior. Os administradores da empresa explicam na documentação consultada por este meio que esse pagamento ao acionista é possível devido “à existência de liquidez suficiente”, com o caixa em dezembro do ano passado ascendendo a 425,4 milhões de euros.

A empresa, cujo CEO é Alberto Rodríguez-Toquero, tem um acionariado de caráter familiar: 50% está nas mãos da família Mahou enquanto que a outra metade é retida pela família Gervás.

Hijos de Rivera

Hijos de Rivera também distribui um dividendo milionário, embora seja praticamente a metade. No caso deles, a matriz de Estrella Galicia e das águas de Cabreiroá viu sua faturação aumentar no último ano 6,9%, até os 886 milhões de euros, coroando-se, entre as grandes companhias do setor, como a que mais cresceu percentualmente.

Os corunheses ganham em rentabilidade. Seus lucros não estão tão distantes dos de Mahou apesar da diferença na cifra de negócios. Quando mais se aproximou essa métrica foi em 2023. Então, os madrilenhos anotaram um lucro líquido de 108 milhões e a dona da Estrella ficou com 107 milhões. No entanto, no último ano a distância voltou a aumentar, com a cervejaria galega registrando um resultado de 95 milhões de euros.

A redução era esperada devido à amortização do investimento milionário que realizou para colocar em funcionamento sua recém-inaugurada planta em Morás (Arteixo), que terá capacidade para produzir até 1.000 milhões de litros uma vez que se completem as quatro fases de sua construção (até agora já foi concluída a primeira).

Ignacio Rivera, o presidente e CEO de Hijos de Rivera, pertence à quarta geração empresarial da companhia –com uma quinta que já está acessando cargos–. Há alguns meses, numa entrevista em Expansión, lembrava que o grupo conta “com 18 ramos familiares distintos”. Estima-se que são cerca de 40 sócios diferentes os que, a cada ano, recebem os dividendos de uma companhia em plena expansão e que conta com melhores margens que seus concorrentes, embora estes tenham maior volume de vendas.

De acordo com as últimas contas anuais da Corporación Hijos de Rivera, consultadas por Economía Digital Galicia, a sociedade dominante do grupo registrou um benefício de 67,4 milhões ao final do exercício de 2024. Dessa quantia, 11,6 milhões foram destinados a reservas voluntárias e 55,8 milhões ao pagamento de dividendos.

O conselho de administração da sociedade dominante concordou no último 19 de dezembro em distribuir já 26,8 milhões de euros em conceito de dividendo a conta dos resultados de 2024. Em específico, determinou um pagamento de 2.682 euros por participação.

No seu caso, o saldo de caixa da matriz do grupo ao final de dezembro era de cerca de 40 milhões de euros, o que permitia enfrentar o pagamento desse dividendo a conta já distribuído.

No ano anterior, a companhia acordou um reparto de dividendos de 53,6 milhões de euros. Novamente, em dezembro de 2023, foi distribuído um dividendo a conta dos resultados desse ano de 21,5 milhões.

À espera de Damm

As contas da cervejaria Damm relativas ao exercício de 2024 ainda não estão disponíveis para consulta no Registro Mercantil. No entanto, na sua página web consta que já teriam ocorrido três pagamentos em conceito de dividendo a conta do exercício anterior. Um em abril deste ano, outro em janeiro e um mais anterior em outubro do ano passado. Cada um de seis centavos por título. Desta forma, por enquanto, os acionistas da companhia teriam recebido, em conjunto, quase 49 milhões de euros. O pagamento total poderia ser maior, incluindo pagamentos complementares, pois nos últimos anos foram distribuídos, no total, mais de 60 milhões de euros.

A companhia de Demetrio Carceller fechou seu exercício fiscal com uma faturação de 2.025 milhões de euros, sendo a única das grandes companhias de cerveja que superou a barreira dos 2.000 milhões. No entanto, ao contrário do que ocorreu com Mahou e Estrella Galicia, sua cifra de negócios contraiu 1,7% em comparação com 2023.

O lucro líquido, no entanto, aumentou um contundente 34,6%, ao alcançar os 175 milhões. A melhoria na rentabilidade tem sua origem na contenção dos custos, tanto de produção quanto logísticos, mais ajustados pela queda no preço de matérias-primas como cereais e material de embalagem, assim como a energia.