Inditex acerta com o ‘low cost’: Lefties dispara mais de 17% na antessala do golpe da Europa à Shein

Nikole, a sociedade do grupo de Mata Ortega que aglutina a maior parte do negócio da sua marca mais barata, fechou o último exercício, novamente, com lucros, e com um volume de negócios que se aproxima dos 650 milhões

Duas pessoas saem com sacolas de uma loja da Lefties em Madrid. Foto de arquivo da temporada de promoções. Foto: Europa Press/ Ricardo Rubio

Lefties, o conceito de moda mais barata de Inditex, melhorou suas métricas no último exercício, antes da decisão do grupo de iniciar uma expansão que, ademais, coincide com o golpe que tanto Trump nos Estados Unidos como a Comissão Europeia na UE decidiram desferir às ultra low cost do comércio online chinês, Shein e Temu. A multinacional de Marta Ortega e Óscar García Maceiras não desagrega em seu relatório os dados da marca dirigida por Xavier Ruz, mas sim computa suas vendas dentro de Zara. No entanto, na estrutura do grupo existe uma sociedade, Nikole, que aglutina a maior parte do negócio da firma. A mesma não só recuperou a rentabilidade no ano passado, como viu como sua cifra de negócios disparava um 17,5%.

Recentemente enviadas ao Registro Mercantil, a última memória anual de Nikole corresponde ao exercício de 2024, finalizado em fevereiro deste mesmo ano. A sociedade viu como seus ativos se elevavam de 188 para 250 milhões de euros, enquanto que sua cifra de negócios disparou um 17,5%, de 550 para 649 milhões de euros. O avanço percentual é superior ao que se anotaram as diferentes marcas oficiais de Inditex em seu último ano fiscal.

O aumento da moda jovem no grupo

Nesse mesmo período, Zara (que, em todo caso, nas métricas que oferece Inditex inclui os números de Zara Home e de Lefties) computou vendas de 27.778 milhões de euros, um aumento de 6,6%. Das marcas do grupo (a low cost não tem, por enquanto, consideração de marca própria), as que mais cresceram foram as de moda jovem.

Stradivarius anotou um avanço de 14,1% até os 2.664 milhões de euros, enquanto Bershka o fez em 11,8%, até os 2.930 milhões. Foi o mesmo incremento percentual de Oysho, a marca de moda esportiva feminina, que anotou uma cifra de negócios de 831 milhões, pelo que Lefties se situa a não tanta distância, tendo em conta os estratosféricos números que manejam os de Arteixo.

No último exercício, as vendas de Massimo Dutti, com roupa mais destinada ao segmento de escritório, incrementaram-se em 6,6%, ficando em 1.960 milhões, enquanto Pull&Bear foi a que menor avanço registou: 4,6%, ainda que alcançasse 2.469 milhões.

Volta ao negro

Nikole, por sua parte, fechou o exercício, segundo a documentação consultada por Economia Digital Galiza, com um resultado de exploração, o próprio da atividade da companhia, de 31,4 milhões de euros frente aos 232.000 euros do exercício precedente e com um lucro líquido de 20,6 milhões frente ao negativo de pouco mais de 700.000 euros de 2023.

Estes números são os imediatamente anteriores ao processo de expansão, que se acelerou este ano.

Novas lojas

Embora, desde seu nascimento, Inditex não desagrega os dados de Lefties, pois computa suas vendas dentro das que declara de Zara, este ano, ao fechar seu primeiro semestre, pela primeira vez, especificou seu número de lojas: 210 frente às 198 que somava no mesmo período do exercício anterior, sendo a única marca que avança em quantidade de estabelecimentos.

Os diretores da Inditex indicaram também que estavam testando novos mercados para a cadeia, que até este ano só se encontrava na Espanha, Portugal e México, seus territórios domésticos. Até agora, já desembarcou na Itália e prevê-se que o próximo ano faça-o no Reino Unido, Alemanha, França e Países Baixos.

Momento chave

A expansão de Lefties acontece além disso justo quando as autoridades dos Estados Unidos e Europa começam a frear a expansão das ultra low cost do online, Shein e Temu. No último verão, Donald Trump acabou com a famosa isenção fiscal de minimis que permitia a entrada de mercadorias abaixo de 800 dólares sem ter que pagar impostos nem tarifas.

Na Europa, nesta mesma semana, os Estados membros aprovaram a eliminação das isenções tarifárias que se aplicam atualmente aos envios de um valor inferior a 150 euros procedentes de países terceiros.

A medida aprovada em Bruxelas entrará em vigor em 2028. Apesar disso, o acordo aprovado pelos ministros de Economia prevê trabalhar num mecanismo transitório que permita começar a cobrar as taxas aduaneiras no início do próximo ano ao tratar-se de um problema demasiado urgente que não pode esperar dois anos.

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